No livro "Santo António dos Portugueses em Roma”, publicado em Itália, Almeida Dias traça o percurso da igreja fundada na primeira metade do século XV pelo cardeal Antão Martins de Chaves, que morreu em 1447, e que doou bens para a construção de uma capela e de um hospital, para dar assistência aos peregrinos portugueses que iam a Roma.

A igreja e o Instituto Português de Santo António (IPSA) continuam essa missão, como “obras de piedade e beneficência”, de acordo com o que ditam os seus estatutos, de 1871, acrescendo ainda "o apoio à cultura”.

A responsabilidade do seu património e missão cabe ao Estado português, garantindo o reconhecimento canónico pelo Vaticano, como salientou, no prefácio da obra, o embaixador de Portugal junto da Santa Sé e da Soberana Militar Ordem de Malta, António Almeida Lima.

Almeida Lima realçou que o reitor da igreja, sendo um cargo canónico, tem estatuto diplomático para “preservar a matriz portuguesa da obra” antonina.

Na opinião de Almeida Lima, na atualidade, o IPSA desempenha uma função “culturalmente relevante em Roma”.

O atual estatuto do IPSA vigora desde 1952 e, à sua vocação religiosa, tem aliado outras manifestações, nomeadamente artísticas e científicas, assim como o ensino da língua portuguesa.

O diplomata destacou o “papel central” do órgão sinfónico, projetado por Jean Guillou, da igreja, entre as diferentes atividades, das múltiplas exposições de pintura, fotografia, escultura, conferências e encontros literários. Outra vertente que tem sido atualizada é a de acolhimento dos portugueses, dando também hospedagem a estudantes, artistas e cientistas nacionais.

O autor deste livro, Francisco de Almeida Dias, foi acolhido no IPSA, no seu percurso universitário, no âmbito do programa Erasmus.

O autor refere-se ao livro como um “guia”, na continuidade de outras obras sobre a igreja portuguesa, salientada em vários guias romanos desde 1638, em “Rittratto di Roma Moderna”, de Pompilio Totti.

A igreja portuguesa só foi alvo de uma monografia em 1931, por ocasião do sétimo centenário da morte de Santo António, no âmbito da ditadura militar então vigente, interessada “em manter as melhores relações com o Vaticano”, escreve Almeida Dias.

Outra monografia foi publicada há 30 anos, de autoria de Sandra Vasco Rocca e Gabriele Borghini, “Santo Antonio dei Portughesi”, apontada por Almeida Dias como um “estudo definitivo”.

Almeida Dias argumentou que “urgia um novo guia da igreja que juntasse às matérias anteriormente publicadas uma visão de conjunto atualizada e orgânica”, que “evocasse a história do templo”.

O livro “Santo António dos Portugueses Em Roma”, de Francisco de Almeida Dias, ilustrado com fotografias das obras de arte que “enriquecem o templo”, traça uma sintetizada biografia de Fernando Bulhões (1195-1231), nome de batismo do que se tornou Santo António, contextualiza a edificação da igreja, no Campo Marzio, e o empenho do cardeal Antão Martins de Chaves na sua construção.

A obra de Almeida Lima detém-se nos diferentes trabalhos de arte – o interior da igreja revela o uso de "mais de 30 diversos tipos de mármore” -, a diferentes acontecimentos que foram consolidando o “estatuto nacional” da igreja, personalidades ilustres que passaram pelo templo, como o jesuíta António Vieira, e os diferentes corpos da igreja ou monumentos existentes, como a capela da Natividade e os trabalhos do pintor Antonio Concioli (1739-1820), ou os monumento ao diplomata Alexandre de Sousa Holstein (1751-1803), da autoria de Antonio Carnova (1757-1822), e ao cardeal Costa Nunes (1880-1976), que foi vice-camerlengo da Santa Sé.

Almeida Dias assinalou ainda o “riquíssimo passado” da Igreja de Santo António dos Portugueses, com uma “forte dinâmica cultural" que “tem multiplicado as funções do templo”.

“A comunidade portuguesa de Roma faz da igreja sua casa”, que é “muito procurada pela sua beleza”, sublinhou.