Numa nota divulgada no portal da Presidência da República na Internet, o chefe de Estado refere que "este filho de transmontanos emigrados também ganhou, um pouco tardiamente, lugar de destaque nas preferências dos portugueses e dos leitores lusófonos, tendo-lhe sido atribuído muito justamente o Prémio Camões em 2003".

"No dia em que dele nos despedimos, deixo uma palavra de homenagem ao observador atento de um outro Brasil, ao escritor desenvolto, ao mestre da língua concisa e precisa", acrescenta.

Segundo o Presidente da República, Rubem Fonseca "foi, sobretudo para as gerações nascidas na segunda metade do século passado, um dos ficcionistas de referência em português, um pouco à maneira do que Jorge Amado tinha sido alguns anos antes", mas com uma obra que "representou o Brasil desencantado, violento, às vezes cínico, um Brasil urbano".

"Os seus romances e contos devem muito a um percurso profissional e existencial que fez de Rubem jurista, comissário de polícia, argumentista, experiências que deixaram uma marca impressiva em textos onde o crime, a sexualidade, os episódios-choque e o laconismo lembram a melhor 'pulp fiction', sem esconder totalmente por completo o homem culto e irónico", lê-se na nota hoje divulgada.

Marcelo Rebelo de Sousa menciona que Rubem Fonseca "alcançou grande popularidade e reconhecimento no seu país, tendo vencido diversas vezes o Prémio Jabuti", e considera que foi "também cronista da história de Brasil, com a obra-prima 'Agosto', sobre Getúlio Vargas".

Rubem Fonseca morreu na quarta-feira, no Rio de Janeiro, aos 94 anos. De acordo com o jornal O Globo, o escritor sofreu um enfarte no seu apartamento no Leblon, bairro da zona sul do Rio de Janeiro, e apesar de ter sido imediatamente transportado para o hospital, os médicos não conseguiram reanimá-lo.

Autor de livros como "O Caso Morel" (1973), "Feliz Ano Novo" (1976), "O Cobrador" (1979) e "A Grande Arte" (1983), Rubem Fonseca foi distinguido em 2003 com o Prémio Camões, o mais importante prémio literário da língua portuguesa, e recebeu também, por seis vezes, o Prémio Jabuti, o principal galardão da literatura, no Brasil.

O escritor era apontado pela crítica como o maior contista brasileiro da segunda metade do século XX.