
"Os Armários Vazios", traduzido por Margaret Jull Costa, foi publicado originalmente em 1966 e a narrativa entrelaça três gerações de mulheres numa sociedade patriarcal: Dora Rosário, a filha Lisa e a sogra Ana.
Na Kirkus Review, a crítica ao livro considera-o “uma obra luminosa cujas personagens precisas evocam verdades abrangentes sobre a experiência humana”.
Já na Paris Review, pode ler-se que “Os Armários Vazios” (“Empty Wardrobes”, no título em inglês) é “um livro sobre como os homens traem as mulheres e sobre como as mulheres se traem umas às outras”.
“O que se segue é uma obra que não hesita em expor as crueldades e as tentativas de agarrar o poder que subjazem a um casamento e quão rápido a sociedade descarta as mulheres a envelhecer”, acrescenta a crítica.
Antes de "Os Armários Vazios", que também está traduzido para francês e polaco, Maria Judite de Carvalho tinha publicado contos, nomeadamente "Tanta Gente, Mariana" (1959) e "As Palavras Poupadas" (1961).
A novela é editada em inglês no ano em que se assinala o centenário do nascimento de Maria Judite de Carvalho, cuja obra foi recentemente reeditada na íntegra pela Minotauro, em seis volumes.
Maria Judite de Carvalho (1921-1998) deixou novelas, crónicas e contos, escreveu sobre a solidão, histórias sombrias da vida quotidiana que observava, e foi considerada pela crítica uma das escritoras mais proeminentes da literatura portuguesa do século XX, não obstante ser pouco conhecida dos leitores.
No âmbito da coleção dedicada à escritora, foram ainda publicadas, por exemplo, as coletâneas de contos "Flores ao Telefone" (1968) e "Seta Despedida" (1995), as crónicas de "A Janela Fingida" (1975) e "Este Tempos" (1991), a peça de teatro "Havemos de Rir" (1998), a poesia de "A Flor que Havia na Água Parada" (1998) e os diários enquanto Emília Bravo.
Em setembro passado foi ainda publicado o livro "Felizmente as Árvores são Grandes", de poesia para crianças.
Maria Judite de Carvalho, que foi casada com o escritor Urbano Tavares Rodrigues, trabalhou na revista Eva, onde publicou o primeiro conto, no Diário de Lisboa, no Diário de Notícias, no Diário Popular e no semanário O Jornal.
Apesar de curta, a obra literária da autora foi distinguida, nomeadamente, com o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco e o Prémio P.E.N. Clube Português de Novelística.
"Tanta Gente, Mariana", "Seta Despedida" e "Os Armários Vazios" são três das obras de Maria Judite de Carvalho integradas nas listas de livros recomendados pelo Plano Nacional de Leitura.
A tradução e edição de "Os Armários Vazios" para inglês contou com o apoio da Direção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas e da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento.
Comentários