Se o que a organização desejava era um festival diferente, tudo o que podemos dizer é que este “primeiro dia” de OMG! Springbreak não poderia ter corrido melhor.
Para a maioria dos fãs, o festival arranca amanhã – ou melhor, mais logo – mas para algumas dezenas a festa começou com a dormida na Sala Tejo do Meo Arena. E se há aventuras para contar? “Aos molhos.”
Bem antes das 18h, hora prevista para os primeiros “campistas” aparecerem, centenas de fãs estavam já de olhos colados na porta de chegada do aeroporto de Lisboa. E lá permaneceriam por várias horas. Nervosos porque havia quem afirmasse tê-los visto em Portugal; ansiosos por um deles ter tweetado já estar em terras lusas – ainda que, na realidade, estivesse na Alemanha. Mas uma coisa é certa: podemos assegurar que nada preparava os norte americanos, Emblem3, para a azáfama que iriam vivenciar.
Visivelmente surpresos com a demência instalada, viram-se obrigados a ser escoltados por um cordão policial que se esforçou por manter as muitas fãs afastadas dos cantores. Houve quem conseguisse entrar na carrinha e largar a carta que lhes escrevera, quem chorasse, risse e documentasse cada segundo. Nem tudo correu como desejariam mas o dia estava ainda longe de acabar.
Quem, de metro ou boleia, seguiu para o Oriente encontrou um ambiente bem mais calmo. Ordeiramente e por ordem de chegada, os jovens entraram no recinto de sacos de cama, bilhetes na mão, cartazes, bandeiras, sorrisos, língua leve e facilidade em fazer amigos. Ao fim de pouco mais de duas horas, pareciam ter-se criado laços para a vida. A organização portou-se bem, dividindo a “mãe galinhice” com uma liberdade de que a adolescência precisa, e até a equipa de seguranças ia dando uma ajuda brincando com os adolescentes. «Para o ano vêm cá os One Direction!», dizia um segurança. «Vêm cá este ano», respondiam, indignadas mas sorridentes. «Sim, mas para o ano vêm ao Springbreak!» Num ambiente leve e bem disposto, foram-se perdendo as vergonhas e a rede de informadores começou a obrar.
«Eles estão no hotel X, não estão?», perguntava alguém. «Sim, vamos ver se conseguimos tirar fotos». Bem mais rapidamente do que entraram, começaram a sair, na esperança de tocar e trocar umas palavrinhas com Drew, Keaton ou Wesley. À porta do hotel, ainda à luz do dia, as poucas raparigas que não acampavam – ou não se importavam com o cumprimento de horários – não arredavam pé. Respeitadoras, foram ainda as sortudas que conseguiram uma foto com Drew Chadwick, o único que tentou aventurar-se a sair do hotel.
«Vocês são da organização? Tenho de agradecer-vos por, finalmente, terem feito um evento de jeito cá em Portugal!»
Foi apenas com o cair da noite que a loucura se instalou na Avenida Dom João II. Já de barriga cheia, devido a um regresso quase forçado para jantar, o grupo de pessoas que ocupara o passeio em frente à porta do hotel dera lugar a uma louca e estouvada multidão. Carros paravam para perguntar o que se passava, os trabalhadores do hotel calcorreavam num alvoraçado rodopio todo o átrio de entrada ora impedindo as fãs de terem acesso aos elevadores, ora implorando por ordem ou por algum espaço para que as pessoas conseguissem aproximar-se do edifício. Cantava-se, gritava-se e brincava-se. Muito.
Do outro lado do passeio, iniciaram-se as serenatas. E com efeito. Drew, Keaton e Wesley apareceram à janela. Entre acenos efusivos, danças sugestivas, camisolas para cima para mostrar os abdominais e corações com os dedos, divertiram as fãs enquanto pela janela entreaberta ouviam os seus singles serem entoados vezes e vezes sem conta. E como gente simpática atrai simpatia, muitos dos turistas alojados no hotel entravam na brincadeira. «Mas olhem, muitos dos clientes do hotel não conhecem os coiso. Como é que eles se chamam mesmo?», perguntava um dos funcionários incitando as raparigas. «Emblem 3» gritavam em resposta.
«Mas filho quem é que eles são?», perguntava uma senhora do norte a um rapaz loiro de não mais de dez anos. «São do X-Factor», respondia o pequeno. «Mas isso faz com que sejam assim tão famosos?», retorquia a mãe. «Oh, mãe, os One Direction ficaram famosos por não terem ganho o X-Factor». No meio de pessoas que fingiam estar na passadeira vermelha e de quem, curioso, chegava perto para filmar – Wesley visitou o patamar acima do átrio para filmar quem obrigava a porta automática a permanecer aberta – chegou um autocarro de uma excursão. Senhores e senhoras, já de cabelos brancos, dividiram-se entre vénias e agradecimentos pela calorosa receção. Um dos últimos, tirou a máquina fotográfica e apontou o ecrã a quem fazia fila mostrando a foto que tirara com Drew, algumas horas antes.
Já bem mais perto da meia noite, as últimas resistentes – crendo que a banda havia saído pela garagem para um passeio pela noite lisboeta (para festejar o aniversário de um dos membros do corpo de segurança) – regressaram, desgostosas ou em amena cavaqueira, à sala onde haviam deixado para trás mochilas e sacos de cama. Houve ainda tempo para cantar os parabéns, dar uns passinhos de dança, ouvir as remisturas do DJ na sala Moche, acabar cartazes, jogar às cartas, carregar telemóveis, cantar e conviver, mais do que tudo, conviver.
Por esta hora, as luzes devem já estar apagadas. Mas muitos dos fãs estarão a contar horas em vez de carneirinhos: as que faltam para irem receber os Union J ao aeroporto, para arrumarem as malas e, principalmente, para verem todos, um pouco mais logo, subir ao palco.
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