A ópera é dirigida por Antonio Pirolli, maestro convidado principal da Orquestra Sinfónica Portuguesa na atual temporada, e que, em declarações à agência Lusa, referiu "as dificuldades" de levar à cena esta ópera, no atual contexto de pandemia, "com músicos e coralistas distantes [entre si], e até os próprios solistas".

A ópera é apresentada por um "elenco interessante", no qual se destaca a soprano russa Zarina Abaeva, de 33 anos, que "está a fazer uma carreira de relevo", e conta com os portugueses Patrícia Quinta, Joana Seara e Nuno Dias, o barítono espanhol Luis Cansino, o tenor brasileiro Luiz-Ottavio Faria, com quem Pirolli já trabahou, e o tenor azéri Azer Zada.

Para o maestro, esta é "uma ópera interessantíssima", pouco apresentada nos teatros líricos, mas "um trabalho de excelência" de Alfredo Catalani (1854-1893), compositor que admirava a música clássica alemã, nomeadamente a de Wagner, "e que procurou destacar-se dos seus contemporâneos, procurando a diferença".

A opinião de Pirolli coincide com a da diretora artística do teatro lírico português, Elisabete Matos.

Na nota de apresentação da obra, a soprano afirma que, "apesar de não ser revisitada frequentemente a nível internacional, a ópera de Catalani merece ser conhecida pelo nosso público, não apenas pelas qualidades musicais, mas fundamentalmente pela atualidade que a sua história mantém, como é habitual nos compositores veristas", movimento do último quartel do século XIX, influenciado pela filosofia positivista.

O maestro realçou à Lusa a composição "funcional e imaginativa, entusiasmante" de Catalani, que foi visto como uma "promessa" na escrita operática.

A ópera, baseada na peça "Die Geyer-Wally, Eine Geschichte aus den Tyroler Alpen" ("Geyer-Wally, Uma História dos Alpes Tiroleses", em tradução livre), da romancista e atriz alemã Wilhelmine von Hillern, estreou-se no Alla Sacala, em Milão, em janeiro de 1892.

Recorda o Teatro de São Carlos, que "'La Wally' sobreviveu sobretudo devido à inspiradíssima ária 'Ebben? Ne andrò lontana', que é 'cavalo de batalha' para qualquer soprano e ganhou divulgação planetária por surgir no filme 'Diva', de Jean-Jacques Beineix, cantada por Wilhelmina Fernandez", no início dos anos de 1980.

O S. Carlos teve a ópera em cartaz em 1910 e, novamente, em abril de 1956, protagonizada por Maria Caniglia.

O cenário do drama é uma aldeia do Tirol, na Áustria, onde Wally, a heroína, apaixonada pelo arqui-inimigo da família, se recusa a aceitar o casamento arranjado pelo pai, e prefere a morte, lançando-se numa avalanche.

Depois da récita de quarta-feira, dia 14, a ópera de Catalani regressa a palco nos dias 16, às 20h00, e 18, às 16h00.

Pirolli dirigiu, no ano passado, no S. Carlos a ópera "La Forza del Destino", de Giuseppe Verdi, compositor que retomou por diversas outras vezes no teatro lírico português, como aconteceu com "Nabucco" (2016), "Macbeth" (2007) e "Otello" (2005). Entre outras atuações em Lisboa, destaca-se também o concerto da Páscoa de 2018, com o Coro do TNSC, a Orquestra Sinfónica Portuguesa e o "Stabat Mater", de Rossini.

Natural de Roma, Pirolli licenciou-se em piano, composição, música coral e direção de orquestra na Academia de Santa Cecília, na capital italiana.

Estudou, entre outros, com os maestros Zoltán Peskó, Vladimir Delman e Rudolf Barshai, tendo ganhado o 3.º Prémio no Concurso Arturo Toscanini, em Parma.

De 1995 a 2001 foi diretor musical do Teatro de Ópera de Ancara, ocupando, de 2001 a 2005, o mesmo cargo na Ópera Estatal de Istambul.

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