Anunciado em janeiro como uma das novidades editoriais da Porto Editora para este ano, "Sabrina" é a segunda obra do cartoonista Nick Drnaso, foi lançada originalmente há um ano, com rasgados elogios da crítica norte-americana, a que se seguiu uma nomeação, inédita, para o prémio literário Man Booker.

A história de "Sabrina" tem como ponto de partida o misterioso desaparecimento de uma mulher, mas não se foca diretamente nela; debruça-se sobre outras personagens - como a irmã, o namorado e um amigo de infância deste, militar - enredadas nas teorias sobre o desaparecimento e sobre a posterior descoberta do assassinato dela.

Nick Drnaso situa a ficção nos Estados Unidos e num tempo atual, de "niilismo político", como escreveu a revista The New Yorker, dominado pela manipulação da opinião pública, pela desinformação, pela Internet, pelas redes sociais, pela imprensa sensacionalista, pela proliferação de teorias da conspiração e pelas 'fake news'.

Num artigo de opinião no diário The Guardian, o autor de BD Chris Ware - uma das referências de Nick Drnaso -, escreveu que "Sabrina" não é a história de um crime, mas uma "análise perspicaz e arrepiante sobre a origem da confiança e da verdade e o desgaste que ambas sofrem na era da Internet e, em particular, na era de [Donald] Trump".

Apesar da aparente banalidade dos diálogos e dos cenários de quotidiano desenhados por Nick Drnaso, a crítica norte-americana sublinhou a ansiedade e perturbação implícitas tanto na caracterização psicológica das personagens como no fio narrativo de todo o romance.

Nascido no estado norte-americano do Illinois em 1989, Nick Drnaso vive e trabalha em Chicago. Antes de "Sabrina", editado já em mais de dez países, publicou o romance gráfico "Beverly" e participou em várias coletâneas de BD.