“Queremos que seja uma celebração na rua, junto das pessoas, é a cultura que vai ter com as pessoas”, afirmou à agência Lusa Inês de Medeiros, vice-presidente da Fundação Inatel, entidade organizadora da iniciativa que assinala este ano a quarta edição, depois de celebrar a poesia de Fernando Pessoa, em Lisboa, de Sophia de Mello Breyner Andresen, no Porto, e de José Régio, em Portalegre.

Para Inês de Medeiros, é também “uma forma original e generosa de celebrar Natália”, fazendo declamações nos transportes públicos.

“É da mais elementar justiça celebrar Natália, naquela que era a sua terra”, de onde saiu “mas deixou muito claro que queria voltar aos Açores”, frisou a responsável, destacando que a 'poeta' - como a autora fazia questão de ser considerada - “merece ser lembrada”.

A vice-presidente do Inatel realçou a “intervenção política e cívica” de Natália Correia, “a sua liberdade de espírito, a sua intransigência na defesa dos valores que defendia e isto são bons exemplos para fazer transmitir às gerações mais novas”.

“O que importa salientar é que esta iniciativa é muito dirigida para dar a conhecer de forma diferente, de forma lúdica e vivencial às gerações mais novas o que é a vida e a obra de um poeta”, declarou.

A responsável adiantou que esta atividade visa celebrar o Dia da Poesia e “a obra de um poeta e a sua ligação com o território, o território que o viu nascer ou, então, o seu território de opção”.

Inês de Medeiros referiu ainda que a iniciativa permite, igualmente, “mobilizar uma série de agentes culturais locais”, do teatro, música e literatura, muitos dos quais parceiros e associados do Inatel.

De acordo com o Inatel, de 17 a 22 de março, além de distribuição de divulgação, haverá animação musical com a Filarmónica Nossa Senhora das Neves, da Relva, nas ruas de Ponta Delgada, período durante o qual nos transportes públicos o grupo O Coletivo vai distribuir e declamar poemas de Natália Correia.

Na tarde de 21 de março, Dia Mundial da Poesia, a mesma filarmónica vai animar o largo da Igreja Matriz, seguindo-se uma tertúlia.

Um dia depois, o Teatro Micaelense será palco do espetáculo “Poesia em Natália”, onde Frederico Amaral dá voz a um manifesto escrito por Joel Neto, mas antes, no mesmo local, abre a exposição de artes plásticas de alunos, baseada na obra de ficção “Grandes Aventuras de um Pequeno Herói”, de Natália Correia.

“Pedimos a um autor contemporâneo para escrever um manifesto, não tanto em torno do poeta homenageado, mas em torno da ideia da poesia”, explicou Inês de Medeiros, salientando a importância desta ação, pois é a celebração de “um poeta que já não está entre nós, mas também celebrando a passagem de testemunho para outros autores e escritores”.

Natália Correia nasceu no concelho de Ponta Delgada, em 1923, e fixou residência em Lisboa, onde morreu a 16 de março de 1993. Foi poetisa, dramaturga, romancista, ensaísta, tradutora, jornalista, guionista e editora, e também deputada.

Em fevereiro, o Governo dos Açores anunciou que as cinzas de Natália Correia e do seu marido, Dórdio Guimarães, que se encontravam no Panteão dos Escritores, no cemitério dos Prazeres, em Lisboa, foram trasladadas para a ilha de São Miguel, cumprindo “o desejo manifestado” pela escritora.

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