Maior articulação dentro de portas e mais cooperação com promotores espanhóis foi o que defenderam esta quinta-feira, 3 de março, em Lisboa, vários responsáveis ligados à organização de festivais de música, na abertura do fórum Talkfest.
O primeiro debate deste fórum foi dedicado ao financiamento dos festivais de música – no qual se concluiu que as autarquias têm um papel determinante -, mas a discussão acabou por passar também pela forma como promotores e organizadores se articulam em Portugal e no estrangeiro.
“É preciso criar uma força comum para explicar o potencial de eventos culturais. Procuremos uma calendarização (...) Isto pode acontecer e é lógico, só que é preciso mais vontade e dar um sentido a isso”, afirmou o diretor de comunicação do festival espanhol SOS 4.8, Bernard Seco.
No debate participaram também o consultor espanhol Raul Ramos e responsáveis de três festivais portugueses: Raul Ouro (Neopop Festival, Viana do Castelo), Paulo Silva (Festival Med Loulé) e Miguel Fernandes (LisbON, Lisboa).
Todos concordaram nessa aproximação de esforços e partilha de conhecimentos entre Portugal e Espanha, mas Paulo Silva alertou: “Primeiro é preciso arrumar a casa. Houve um ‘boom’ de festivais e daqui a uns anos haverá um ‘crash’. Somos um país pequeno com muitos festivais”.
De acordo com a Aporfest – Associação Portuguesa dos festivais de Música, em 2015 decorreram 210 eventos de música, com um total de 1,8 milhões de espectadores.
“A preocupação com o consumidor sai reforçada com o aumento de festivais”, afirmou o diretor do LisbON, que lamentou, ainda assim, a existência de “canibalização de recursos”.
“Gostava que houvesse uma maior articulação entre todos os festivais, sobretudo em Lisboa, e o que se vê é uma guerrilha mais ou menos constante sobre o espaço de cada um”, disse Miguel Fernandes.
E sobre isso, Raul Ouro, do Neopop Festival, sublinhou que um festival de música “tem que satisfazer o público, mas também o artista e isso só acontece quando o promotor se identifica com a música que traz”.
No final, o consultor espanhol Raul Ramos resumiu: Os festivais têm de passar de meros eventos de concertos para criadores de "experiências". “Só assim se podem diferenciar, porque o público sabe o que escolher”.
E entre Portugal e Espanha, afirmou este responsável da consultora Assimétrica, é preciso “haver uma celebração conjunta” que permita às promotoras ibéricas terem mais resistência em cenários de cortes orçamentais.
O quinto Talkfest decorre no centro de reuniões da FIL, em Lisboa, coincidindo também com a BTL - a Feira Internacional de Turismo, e contará com dois dias de debates, seminários, conferências, apresentações científicas, feira de emprego e concertos.
No âmbito do Talkfest, o único fórum dedicado exclusivamente à discussão sobre o panorama dos festivais de música em Portugal, serão ainda atribuídos hoje pela primeira vez os Iberian Festival Awards, prémios que distinguem os melhores festivais de música de Portugal e Espanha.
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