Ana Cloe, Gabriela Barros, Raquel Tillo e Tânia Alves são as protagonistas deste musical da autora norte-americana Sue Fabisch, sobre quatro amigas que trocam confidências e conselhos sobre o que é ser mãe, durante uma festa de receção ao bebé de uma delas, prestes a nascer.
O convite para encenar esta comédia musical partiu da produtora Sandra Faria, da Força de Produção, e Ricardo Neves-Neves aceitou-o por achar “o texto muito divertido no original e com muito sentido do humor, um humor atual, vibrante, irónico, tonto, absurdo”, como contou à agência Lusa.
Segundo Neves-Neves, o texto propõe “uma forma de as mulheres olharem para si próprias, para a sua vida, para a maternidade e para o seu o próprio corpo de forma divertida e leve”.
Apesar do tom de comédia, o texto, adaptado por Henrique Dias e Miguel Viterbo, coloca o espectador “numa posição de reflexão sobre certos desequilíbrios que ainda existem, um certo peso da sociedade que lhes [às mulheres] pode colocar nos ombros, mesmo que na cena isso seja tratado de forma divertida”.
Em palco, as quatro atrizes falam, criticam, recordam com carinho ou com fúria as várias etapas do processo de maternidade, a gravidez, o parto, as transformações no corpo, a sexualidade, a pressão para ser "a mãe perfeita" ou a ligação aos primeiros meses do bebé, quando “a primeira palavrinha é um poema de Jobim”.
“Há quatro mulheres, algo diferentes, e que juntas representam esse empoderamento feminino”, explicou a atriz Gabriela Barros à agência Lusa no final de um dos ensaios.
Para Gabriela Barros, que na preparação para o papel se recordou da sua própria experiência recente de maternidade, esta peça de teatro musical “interessa às mulheres que não são mães, que pensam em ser, que não querem ser e que se calhar se podem identificar com alguns dos receios”.
Ricardo Neves-Neves considera que a peça “não coloca a maternidade num sítio nem apenas poético, nem de sofrimento, de cedência, de sacrifício; coloca a maternidade numa zona muito luminosa com a consciência das dificuldades que traz”.
“Depois das novidades que recebemos há pouco tempo [as eleições legislativas] e com o Parlamento a ser representado cada vez menos por deputadas, parece-me uma sensibilidade importante de colocar na cena, mas ao mesmo tempo há um certo despudor e eu acho isso positivo e divertido. (…) Numa altura em que estamos todos um bocadinho cinzentos na alma eu acho que este tipo de espetáculos pode trazer alguma luz e leveza ao dia das pessoas”, disse.
Questionado sobre ser um homem a encenar uma peça sobre maternidade, Ricardo Neves-Neves disse que no processo de ensaios com as atrizes falaram abertamente “sobre todas as cócegas e comichões” que pudessem surgir: "Tive a ajuda delas e à-vontade a tratar uma temática que não sendo minha diretamente me interessa".
“Mães”, que ficará em cena no Teatro Villaret por tempo indeterminado, tem música interpretada ao vivo, com direção musical de Artur Guimarães.
Ricardo Neves-Neves, encenador e diretor artístico do Teatro do Eléctrico, estreia esta semana este musical para a Força de Produção numa altura em que prepara nova peça de teatro, para dezembro, em local a anunciar.
Sobre a profusão de espetáculos que tem estreado ao longo dos últimos meses, nomeadamente "Maria da Fonte", "O Livro de Pantagruel", "Noite de Reis" e "Definitivamente as Bahamas", Ricardo Neves-Neves disse que ainda está a recuperar dos efeitos da pandemia da covid-19, que atrasou a apresentação em palco.
"No espaço de um ano e meio nós fizemos o trabalho por três, mas vai acalmar", disse.
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