Este ano, ao contrário do previsto, os festivaleiros não se vão reencontrar no Parque da Bela Vista, em Lisboa, para cantar e dançar em concertos de artistas nacionais e internacionais. Esta quinta-feira, dia 4 de março, a organização confirmou que a nona edição do Rock in Rio Lisboa não acontecerá em junho deste ano, sendo adiada para 2022.

Com o adiamento, a nova edição do Rock in Rio Lisboa fica agendada para os dias 18, 19, 25 e 26 de junho de 2022. "Os bilhetes já adquiridos mantêm-se automaticamente válidos para a próxima edição. Em breve partilharemos mais informações dirigidas aos portadores de bilhetes, assim como novidades relativas ao cartaz", explica Roberta Medina.

"Por esta altura estaríamos a todo o vapor a preparar mais uma edição do Rock in Rio Lisboa, que atrairia para o país cerca de 20 mil turistas, geraria um impacto positivo para a economia superior a 70 milhões de euros e conectaria com energia, esperança e alegria mais de 5,8 milhões de pessoas através da música e do entretenimento", lembra, em comunicado.

Em conversa com o SAPO Mag, a vice-presidente do Rock in Rio explica que, nos últimos 11 meses, a equipa trabalhou para que fosse possível realizar o evento em junho de 2021. "Nestes últimos 11 meses, desde o último adiamento, estivemos a trabalhar e estávamos, até esta semana, prontos para fazer o festival", garante.

"Nada nos garante que um evento da dimensão do Rock in Rio Lisboa possa acontecer em junho"

"Na data de hoje, já deveríamos estar a montar a Cidade do Rock. Ajustámos o nosso cronograma para ganhar tempo, para ver se conseguíamos reduzir o programa de montagens para ter alguma boa notícia. Então, decidimos pedir um olhar e uma posição ao Governo, para perceber se tinham uma visão diferente da nossa, porque têm mais informações. Na semana passada tivemos um sinal e, de facto, olhando a partir do dia de hoje, nada nos garante que um evento da dimensão do Rock in Rio Lisboa possa acontecer em junho", explica Roberta Medina em conversa com o SAPO Mag.

Para a vice-presidente do festival, "só faz sentido o Rock in Rio no formato que conhecemos, com as milhares de pessoas que junta". "Infelizmente, tivemos de tomar esta decisão. O que queremos deixar como mensagem é que, no Rock in Rio, são mais de 17 mil pessoas que se mobilizam diretamente na realização do evento; são 370 empresas. Então, o mais importante é que, apesar desta decisão, trabalhemos todos para que o mercado possa retomar a sua atividade o mais rapidamente possível, para que as empresas voltem a trabalhar rapidamente, para que, no próximo ano, quando voltarmos a fazer o festival, o mercado esteja sólido", acrescenta a vice-presidente do Rock in Rio. "A programação cultural tem de voltar ao nosso país. É uma indústria gigante e que é muito importante para o turismo - quando olhamos para o turismo, são 460 mil empregos que estão em causa", acrescenta.

"Viver a cultura, viver a música, estarmos juntos... faz parte, é importante para a saúde mental, ajuda a desenvolver o olhar criativo, a abrir horizontes. Faz parte da construção de cada um de nós - o lazer é fundamental para o equilíbrio de uma sociedade", sublinha Roberta Medina.

"2022 terá de ser a edição mais especial de sempre"

A partir de hoje, o foco da organização centra-se na edição do próximo ano. "2022 terá de ser a edição mais especial de sempre. Com quatro anos de intervalo, vocês aguardem-nos. Não tem como não ser a melhor edição de sempre. Até lá, vamos trabalhar juntamente com várias associações e com o mercado para apoiar e ajudar a indústria a retomar a sua atividade o mais rapidamente possível, para que as pessoas possam aproveitar os eventos culturais, para que a economia se mova, para que as empregas sobrevivem. Tudo isto é importante", acrescenta em conversa com o SAPO Mag.

"Vamos estar focados em construir a melhor edição de sempre e em provocar e apoiar iniciativas que tragam a retoma e a mobilização da indústria", acrescenta Roberta Medina.

"Quando voltarmos a abrir as portas da Cidade do Rock, quatro anos terão passado desde a última edição e três anos desde a festa épica na Torre de Belém. Se há uma coisa que podemos garantir neste clima de incerteza, é que a espera vai valer a pena. Voltaremos prontos para cantar ainda mais alto, para levantar ainda mais poeira, para dançar ainda com mais energia e para viver o melhor Rock in Rio de sempre", remata Roberta Medina, em comunicado.

Teremos algum festival no verão

Ainda não há uma resposta definitiva a esta pergunta. Para já, apenas o Rock in Rio Lisboa e o NOS Primavera Sound, no Porto, anunciaram a decisão de adiar as suas edições para 2021.

Rock in Rio preparado para mais regras.

Esta semana, em entrevista à RTP, Graça Freitas sublinhou que "é muito cedo" para a decisão ser tomada. "Vamos ter [em Inglaterra] um laboratório, bem como em outros países. Conseguiremos ver como foi o impacto disso, espectáculos com muita gente", explicou.

No final de fevereiro, o Jornal de Notícias avançou que a Direção-Geral da Saúde (DGS) aprovou a realização de eventos-piloto, que poderão servir de base para o planeamento de festivais e concertos até ao final de 2021.

O jornal diário avança que a DGS analisou o relatório apresentado pelas associações do sector, como a Associação de Promotores de Espetáculos, Festivais e Eventos e a Associação Portuguesa de Festivais de Música. De acordo com o documento, os evento-pilotos deverão realizar-se em salas de média-grande capacidade, como a Super Bock Arena - Pavilhão Rosa Mota, no Porto, e o Campo Pequeno, em Lisboa.

Os espectadores que assistirem aos espetáculos terão de realizar um teste rápido 72 horas antes do evento, repetindo-o à entrada do recinto. Depois de 14 dias, o público terá de responder a um questionário, sendo novamente testado.

O JN avança ainda que os promotores de espetáculo admitem que cada espectador deverá demorar 20 minutos a entrar no recinto, entre comprar o bilhete, fazer o teste e esperar pelo resultado do respetivo.

Leia o comunicado oficial Rock in Rio Lisboa:

Por esta altura estaríamos a preparar a entrada de materiais e fornecedores no Parque da Bela Vista para dar início à construção de mais uma Cidade do Rock, impactando diretamente mais de 17.600 pessoas e mais de 370 empresas que trabalham para fazer o festival acontecer. 

Roberta Medina
créditos: RIR

Por esta altura estaríamos a todo o vapor a preparar mais uma edição do Rock in Rio Lisboa, que atrairia para o país cerca de 20 mil turistas, geraria um impacto positivo para a economia superior a 70 milhões de euros e conectaria com energia, esperança e alegria mais de 5,8 milhões de pessoas através da música e do entretenimento. 

Ao longo destes últimos 11 meses estudámos vários cenários e discutimos em grupos de trabalho, com as autoridades competentes, diferentes medidas que permitissem desfrutar do maior evento de música e entretenimento do mundo ainda este ano. Infelizmente, chegada a data limite para iniciarmos as montagens da Cidade do Rock, encontramo-nos ainda em fase de Estado de Emergência e sem garantias de que, em junho, estejam reunidas as condições para realizarmos o festival no seu modelo original. É nesse sentido, e porque a saúde e segurança do público são a nossa principal preocupação, que adiamos a 9.ª edição do Rock in Rio Lisboa para o próximo ano, mais concretamente para os dias 18, 19, 25 e 26 de junho de 2022. 

Os bilhetes já adquiridos mantêm-se automaticamente válidos para a próxima edição. Em breve partilharemos mais informações dirigidas aos portadores de bilhetes, assim como novidades relativas ao cartaz. 

Também nós sonhámos com um 2021 mais livre e continuamos a acreditar que, este verão, ainda poderemos sair à rua de mãos dadas. Mas para isso não podemos relaxar já. É preciso um último esforço, de cada um de nós, para que seja possível à Cultura (setor que representa 4,4% do PIB da União Europeia) exercer um dos seus papéis mais importantes: além de revitalizar as pessoas, é um dos pilares fundamentais para a retoma do Turismo – setor tão importante para a economia nacional. Juntos, Cultura e Turismo representam mais de 460 mil empregos e quase 20 mil milhões de impacto económico.  

Quando voltarmos a abrir as portas da Cidade do Rock, quatro anos terão passado desde a última edição e três anos desde a festa épica na Torre de Belém. Se há uma coisa que podemos garantir neste clima de incerteza, é que a espera vai valer a pena. Voltaremos prontos para cantar ainda mais alto, para levantar ainda mais poeira, para dançar ainda com mais energia e para viver o melhor Rock in Rio de sempre! 

Roberta Medina,

Vice-Presidente Executiva do Rock in Rio