O Espaço Espelho D’Água traz para Lisboa este verão o projeto SomSabor, com artistas de diversas áreas e estilos. Serão jantares intimistas com atividades culturais na área da música e da literatura, tirando partido das condições arquitetónicas do espaço, com uma programação especial.

O projeto dinamiza setores da economia nacional que têm sofrido um forte impacto negativo nas suas atividades devido à pandemia da COVID-19, ao oferecer, em segurança e seguindo as medidas recomendadas pela Direção-Geral da Saúde, experiências gastronómicas e culturais. A estreia é no dia 11 de julho com o violonista brasileiro Yamandu Costa.

Os eventos decorrem até ao fim de setembro, sempre com novos convidados. Os preços variam entre 30 e 35 euros.

Espaço Espelho D’Água
Espaço Espelho D’Água

"O projeto leva em conta não só a nossa sobrevivência enquanto restaurante, mas também a responsabilidade social. Há uma série de músicos que está há tempos sem se apresentar devido à pandemia. E o facto de termos um espaço grande dá-nos a possibilidade de juntar a restauração com atividades culturais. Quando idealizei o Espelho D'Água, há quase seis anos, tinha em mente que faríamos muitos projetos assim. Agora é uma boa oportunidade de os pôr em prática. Temos condições ímpares para receber os nossos clientes com o distanciamento social recomendado pela Direção-Geral de Saúde. E temos a sorte de pessoas ilustres, como o curador gastronómico Paulo Amado, o programador musical Juliano Zappia e os artistas convidados para serem anfitriões terem abraçado a ideia", afirma Mário Almeida, proprietário do Espelho D’Água.

O SomSabor arranca a 11 de julho. O calendário e a programação propostas apresentam curadores, anfitriões e cabeças de cartaz com obras feitas e premiadas: figuras como o escritor e ativista social José Eduardo Agualusa, o cantor e compositor Paulo Flores, o empresário e curador gastronómico Paulo Amado, o músico e compositor Gonçalo Sousa e o Chef Rui Araújo (à frente da cozinha do Espelho D'Água desde 2015).

"Com este ciclo de debates, inserido no projeto SomSabor, pretende-se juntar um conjunto de escritores, artistas e pensadores angolanos, para debater o recomeço do mundo - se no princípio era o verbo, como assegura a Bíblia, é também pela palavra que reinventaremos um novo ciclo", explica Agualusa, que no último domingo de julho apresentará o anfitrião das tertúlias de agosto, indicado por ele próprio.

Gonçalo Sousa
Gonçalo Sousa

"O propósito é reacender um segmento da cena musical lisboeta, em concertos intimistas com talentos por desvendar, onde o silêncio e a música caminham lado a lado. Nos concertos em trio, há um desafio de um encontro único, de partilha musical, no qual o diálogo musical e a emoção são protagonistas", conta o compositor Gonçalo Sousa, anfitrião das noites de sexta-feira até ao fim de setembro.

Para a abertura do SomSabor, no dia 11 de julho, junta-se ao projeto mais um nome da música: o violonista brasileiro Yamandu Costa, que fará um concerto preparado especialmente para a ocasião.

"Conheci o Yamandu numa das noites memoráveis do Tejo Bar e desde então imaginei que seria fantástico poder apresentar o seu trabalho no Espelho D'Água", pontua Mário Almeida.

Mais de 100 escritores africanos
Mais de 100 escritores africanos

Na gastronomia, haverá uma série de jantares, com o objetivo de oferecer uma interpretação contemporânea que irá ligar conceptualmente Portugal às viagens que os portugueses fizeram no período das navegações pelo mundo. Uma verdadeira descoberta de sabores, realizada em parceria com o curador Paulo Amado e jovens e chefs de diversas regiões de Portugal para desenvolverem novas e criativas receitas, preparadas a quatro mãos com o chef de cozinha Rui Araújo. Os resultados desta imersão culinária farão parte da ementa da casa.

"Uma das razões de eu estar neste projeto é a perspectiva aberta do que é fenómeno cultural e artístico, onde a gastronomia tem de ter o seu lugar. O meu papel é reforçar que a cozinha e a gastronomia podem também ser alvo de debate e de intervenção na sociedade. Vamos ter cozinheiros emergentes e outros consolidados. Procuramos a diversidade humana, independentemente da origem. Procuramos cozinheiros com uma vontade de adiantar o futuro. Mesmo que venham a fazer um prato de sua tradição ou apresentar o seu toque à tradição", afirma Paulo Amado, que garante representantes da cozinha portuguesa fora de Lisboa e chefs oriundos de outros países mas que trabalham em Portugal.

No fim de semana de abertura, os chefs convidados serão o cabo-verdiano Tiago de Lima Cruz e o brasileiro Pedro Monteiro.