
A peça “Trópicos mecânicos (Mueda)”, de Filipe M. Bragança, uma colaboração do Teatro GRIOT e Catarina Wallenstein, estreia-se no dia 18, no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro, Brasil, anunciou o Teatro GRIOT na quarta-feira.
O espetáculo repete no dia seguinte, na sala da Cinemateca do MAM Rio, acrescenta o coletivo GRIOT.
“Trópicos mecânicos (Mueda)” é uma “performance visual e teatral de Felipe M. Bragança, em colaboração com o Teatro GRIOT, companhia sediada em Lisboa e constituída por artistas negros, que delineia a sua programação a partir da condição e das experiências de se ser negro, refugiado e imigrante em Portugal e na Europa", lê-se num comunicado do coletivo, que assinala ainda a colaboração com a atriz e cantora portuguesa Catarina Wallenstein.
Esta peça marca a estreia como encenador do cineasta Felipe M. Bragança, realizador do filme “Um animal amarelo”, numa criação que “convoca memórias e imaginários em torno do Massacre de Mueda, ocorrido em Moçambique, em 1960”.
A performance é inspirada na obra “Mueda, Memória e Massacre” (1979), do cineasta moçambicano-brasileiro Ruy Guerra, que documenta a forma como os habitantes da cidade de Mueda encenaram anualmente o massacre como ritual de memória e expurgação coletiva, frisa a mesma nota.
Com apresentações anteriores em Lisboa e Berlim, a performance chega ao Brasil no ano em que se assinalam os 50 anos da Independência de Moçambique, “propondo uma reflexão crítica sobre o legado colonial e os imaginários pós-coloniais”, frisa o Teatro GRIOT.
“Entre ficção científica, fábula e documentário, o espetáculo combina teatro, vídeo, som e arquivo para revisitar o passado e projetar futuros outros, possíveis e re-imaginados”, conclui.
O massacre de Mueda ocorreu a 16 de junho de 1960, e foi um dos últimos acontecimentos da resistência moçambicana ao domínio português, antes do início da luta armada de libertação nacional.
Naquele dia realizou-se uma reunião entre a população do distrito de Mueda, no norte do território moçambicano, com representantes do governo colonial. No final, autoridades coloniais executaram a tiro um número indeterminado de moçambicanos.
Depois da independência de Moçambique, o dia 16 de junho passou a ser assinalado.
A direção do espetáculo, o texto e os vídeos são de Felipe M. Bragança e a interpretar estão Zia Soares, Catarina Wallenstein, Gio Lourenço, Daniel Martinho e Matamba Joaquim.
As músicas originais são de Selma Uamusse, Milton Gulli e 40D, enquanto os figurinos e adereços são de Ana Carolina Lopes e Victor Gonçalves.
No Brasil, a peça terá acessórios, adereços e cenografia adicional de Tainá Medina.
Como eventos paralelos, o Centro de Tecnologia Educacional da Universidade do Estado do Rio de Janeiro promoveu, na terça-feira, uma sessão 'online' sobre a estética e a política do corpo negro em cena, com a diretora artística do Teatro GRIOT, Zia Soares.
Na quinta-feira, 10 de julho, no mesmo local, no Ciclo de Conversas com o Teatro GRIOT, Catarina Wallenstein e Felipe M. Bragança falam sobre o processo criativo do espetáculo e os desafios da criação teatral no cruzamento entre linguagens e geografias.
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