A programação para os próximos quatro meses, apresentada esta segunda-feira no salão nobre do TNSJ, por ocasião do Dia Mundial do Teatro, inclui 17 espetáculos, com destaque para a segunda produção própria do ano, “Lulu”.
Com encenação de Nuno M Cardoso e cenografia e figurinos de Nuno Carinhas, diretor artístico, a peça parte dos textos “Espírito da Terra” e “A Caixa de Pandora”, do dramaturgo alemão Frank Wedekind, conhecidos como 'tragédias de Lulu', e estará em cena de 13 a 22 de junho e de 27 a 30 de junho, no Teatro Carlos Alberto.
Em declarações à Lusa, o diretor artístico da instituição, Nuno Carinhas, destacou as “muitas criações no feminino” presentes ao longo dos próximos meses, o que não foi “necessariamente propositado”.
“É um sinal de que há mulheres criadoras neste momento e que se reúnem neste programa”, explicou, destacando os trabalhos de Renata Portas, Shantal Shivalingappa, Olga Roriz, Joana Providência, Luísa Costa Gomes e Inês Barahona.
Também as personagens femininas povoam os próximos meses do TNSJ, como Ivone, a protagonista de “Ivone, Princesa de Borgonha”, de Witold Gombrowicz, que Luísa Costa Gomes traduziu, Lulu, da peça homónima, ou a adaptação de “Frei Luís de Sousa”, de Garrett, em “Maria”.
Outra das características destacada por Carinhas é “a maneira como os espetáculos, tendo autorias fortes, refletem outros autores".
Com “A Minha Existência Involuntária na Terra”, Renata Portas regressa à programação do TNSJ ao cruzar a autobiografia do italiano Luigi Pirandello com textos de Walter Bejamin, Cesare Pavese ou Robert Musil, em cena no Teatro Carlos Alberto, de 4 a 8 de abril.
Para assinalar os 40 anos da companhia de teatro portuense Pé de Vento, o escritor Álvaro Magalhães adaptou o livro “O Senhor Pina” para o palco, numa criação em torno do autor Manuel António Pina (1943-2012), um dos fundadores da companhia, que o homenageia de 10 a 13 de maio, no Teatro Carlos Alberto.
A Ópera Estúdio da Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo (ESMAE) juntou-se ao TNSJ para que a ópera volte a marcar presença na programação, com “La Donna di Genio Volubile”, de Marcos Portugal (1762-1830), que foi apresentada em 1805, precisamente no então Real Teatro de São João.
Em torno de La Donna giram quatro homens que a tentam seduzir, num espetáculo marcado para os dias 06 e 07 de julho, com direção artística de António Salgado, e musical de José Eduardo Gomes, e encenação de António Durães.
“A Chegada de um Comboio à Cidade”, de Luís Mestre, é “uma conversa” entre o dramaturgo, cujo livro “Teatro II” será lançado no Mosteiro de São Bento da Vitória a 28 de maio, e o dramaturgo norueguês Henrik Ibsen, que escreveu a peça “Quando Nós, os Mortos, Despertarmos”, em cena de 12 a 22 de julho, no Teatro Carlos Alberto.
De 27 a 29 de abril, no âmbito do festival DDD – Dias da Dança, que atravessa vários espaços portuenses, o São João recebe “A Meio da Noite”, estreia absoluta de uma peça de Olga Roriz, que se inspirou no filme “A Hora do Lobo” (1968), do cineasta sueco Ingmar Bergman.
De 11 a 13 de maio, a coreógrafa Joana Providência põe fim a uma ausência de 15 anos dos palcos do TNSJ, desde “Pioravante Marche”, em 2003, com “Rumor”, também inserido no DDD, a partir do artista plástico francês Christian Boltanski, numa "viagem pela memória e pela identidade".
Ainda integrado no DDD, o TNSJ recebe “Impro Sharana”, da indiana Shantala Shivalingappa, de 04 a 06 de maio, com uma ‘masterclass’ da coreógrafa e dançarina, no último dia.
No mês de junho, chegam duas peças integradas no Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (FITEI), com a coreografia “Walking with Kylián. Never Stop Searching”, de Paulo Ribeiro, de homenagem ao coreógrafo de origem checa Jiri Kylián, em cena de 14 a 16 de junho.
A 20 de junho, o São João recebe “Mendoza”, produção da companhia mexicana Los Colochos que adapta “Macbeth”, de William Shakespeare, sendo que o próprio TNSJ estreou, em junho de 2017, uma versão da peça do dramaturgo britânico, entretanto reposta já este ano.
De 11 a 22 de abril, o São João recebe “Ivone, Princesa de Borgonha”, numa encenação de António Pires do texto de Witold Gombrowicz, enquanto o Teatro Carlos Alberto acolhe, de 19 a 29, “A Grande Vaga de Frio”, peça de Luísa Costa Gomes que parte de “Orlando”, de Virginia Woolf.
De 31 de maio a 10 de junho, Inês Barahona e Miguel Fragata apresentam no Porto “Montanha Russa”, que se estreou a 9 de março no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, um musical sobre a adolescência com música dos Clã, enquanto o Mosteiro de São Bento da Vitória recebe "Maria", uma exploração de "Frei Luís de Sousa", de 17 a 27 de maio.
Dentro da programação paralela, que inclui oficinas e apresentações das escolas de teatro da cidade, nota para o ciclo "Leituras no Mosteiro", desta feita dedicado a “mulheres trágicas” e obras de Séneca, Jean Racine e Jean Anouil, cobrindo 2.000 anos de criação literária.
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