Em declarações à agência Lusa, reconhecendo que é “suspeito” para falar do disco, Tozé Brito afirmou que gosta muito do disco, pois “além de ter tido algum cuidado a selecionar 11 canções”, todas têm “um significado especial” para si.
Hoje, disse, já não corre aos discos de ouro ou de platina, mas valoriza quem gosta da música que faz, “porque gostam de facto”, mesmo que sejam só 5.000 pessoas.
Tozé Brito fez parte, entre outros grupos, dos Gemini, cujo álbum “Pensando em ti” foi o primeiro LP que ganhou um disco de ouro em Portugal, vendendo mais de 50.000 exemplares.
Sobre as canções que fazem parte do registo, editado pela Sony Music, Tozé Brito afirmou: “São canções que têm peso para mim, mas que as interpretei, sem disfarçar as fragilidades que a minha voz tem, porque as tem, mas eu sei que tenho um timbre que é meu, uma maneira de cantar que é a minha, mal ou bem é a minha e não queria nenhuma superprodução”.
“Eu quero que as pessoas quando ouvirem este disco, que o oiçam como se eu estivesse em casa delas”, acrescentou.
Essas fragilidades, disse o músico, “contam uma história, uma experiência acumulada na música nas suas várias facetas”, de intérprete a produtor, letrista, compositor, passando por presidente da discográfica Universal Music Portugal ou nas funções que, atualmente, desempenha na Sociedade Portuguesa de Autores.
“A música foi a minha primeira opção. Sempre soube que o queria fazer era música, com melhores ou piores condições, sempre soube que era aquilo que eu queria fazer”, disse o músico à agência Lusa, que reconheceu que teve “um bocado de sorte”.
Referindo-se a 50 anos na música, Tozé Brito, que fez parte de grupos como os Pop Five, Quarteto 1111 ou os Green Windows, declarou: “Representa um marco, uma maneira de celebrar de 50 anos de música, não gosto de lhe chamar carreira, são 50 anos de prazer. São 50 anos felizes que espero se prolonguem por muitos à minha frente”.
“Há coisas que ainda quero alcançar”, salientou o músico que garantiu: “Não me sinto velho, nunca o serei enquanto os meus sonhos pesarem mais que as minhas memórias”.
O autor de “Olá como vais?”, um dos temas que inclui neste disco, gravado com António Zambujo, afirmou que não olha para trás, nem voltou a ouvir os discos que fez.
O álbum inclui temas de 1971, como “Amanhã Vou Dormir o Dia Inteiro”, ao lado de “incontornáveis” como “Olá como vais” e “Vinte anos”, que compôs com José Cid, e inéditos como “Canção do Adeus Sem Fim”.
Todas as canções escolhidas são de sua autoria, letra e música, excetuando “Olá como vais?”, cuja letra assinou com António Tavares, “Vinte anos”, e o inédito “Canção do adeus sem fim”, musicada por Pedro Vaz, que foi o produtor do álbum.
O álbum abre com “Canção do Amor Para Sempre”, que gravou pela primeira vez, e tinha sido já gravado, “de forma completamente distinta”, por Fábia Rebordão.
Além de partilhar a interpretação de “Olá como vais?”, com Zambujo, e que originalmente gravou com Paulo de Carvalho, faz duetos com Ana Moura, no tema, “Não Hesitava um Segundo”, que a fadista tinha já gravado a solo, “Até Amanhecer”, com Ana Gomes, “uma jovem de Braga que está a começar, e tem uma voz lindíssima”, e “Memo”, com Pedro Vaz, também produtor e que é seu genro.
De uma escolha inicial de 30 canções, chegou às 11, incluindo “algumas bem conhecidas, como ‘Vinte anos’”, outras significativas para si e umas que quis ir redescobrir da sua discografia, disse, sintetizando “é um disco de amor”.
“Hoje canto o amor, já percebi que não é com cantigas que se muda o mundo, como acreditei outrora, por exemplo quando estava no Quarteto 1111. Hoje acredito que o mundo muda pelas relações humanas, por se encontrar um ponto de equilíbrio e de entendimento, mas não vive sem canções”, afirmou.
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