Na noite de segunda-feira, os organizadores do Xxxapada na Tromba alegaram, na página do evento na rede social Facebook, que o festival foi suspenso por ordem do tribunal e que o presidente da Câmara - que no mesmo dia declarou, em reunião do executivo, que não apoiaria o evento mas não o proibia - estava "de mãos amarradas" por decisão judicial.

"Não conhecemos decisão judicial nenhuma, nada, zero", disse à agência Lusa fonte do gabinete da presidência da autarquia.

Questionado sobre a alusão de que o apoio camarário não se efetivou por ordem judicial, na sequência de uma suposta queixa em tribunal dos moradores, a mesma fonte recusou comentar "comunicados não assinados de organizadores não identificados".

No texto, publicado em inglês e que conta com dezenas de partilhas e comentários, maioritariamente contra os alegados autores da suposta ação judicial, os organizadores argumentam que a realização do festival foi impedida por "manifestantes conservadores", uma alusão aos moradores que contestaram a localização escolhida e que estes repudiam.

"É mentira que haja uma queixa em tribunal. Alguém inventou isso para por as culpas nos moradores [por o festival não se realizar]. Estamos a ser bodes expiatórios", disse à agência Lusa Jorge Alves, residente na localidade.

Jorge Alves assumiu que alguns moradores da Murtinheira contestaram a localização escolhida para o Xxxapada na Tromba - um parque de estacionamento público, junto à praia, perto das casas e do outro lado da rua do posto territorial e colónia balnear infantil da GNR - mas recusam ser apelidados de "grupo de manifestantes conservadores" e de terem responsabilidades no cancelamento do evento.

"Não conhecem as pessoas para fazerem acusações dessas. Haverá quem goste ou não goste [do tipo de festival], mas a maioria estava era contra a localização. Não podiam fazê-lo noutro lado que não em cima das casas? As pessoas têm direito ao descanso e Quiaios [freguesia onde se situa a Murtinheira] tem outros locais", argumentou Jorge Alves.

A agência Lusa questionou, por correio eletrónico, os organizadores do Xxxapada na Tromba sobre a citada ação judicial - nomeadamente sobre quem a interpôs e quando foi a organização notificada - mas não obteve resposta.

Também na segunda-feira, a página oficial do evento na Internet, até então disponível no endereço Xxxapada.com deixou de ter conteúdos acessíveis - como o cartaz, a compra de bilhetes ou o historial, entre outros - apresentando apenas um logótipo, a preto sobre fundo cinzento claro.

Os promotores revelaram, entretanto, que o Xxxapada na Tromba foi cancelado na Figueira da Foz e que se irá realizar noutro concelho e com uma nova data, a anunciar.