Estreado em 1989, "Amigos e Detectives" marcou a fase inicial da carreira de Tom Hanks, que assumiu o papel de jovem detetive no filme de Roger Spottiswoode. E tinha um aliado decisivo: Hooch, um cão tão rebelde como perspicaz, que ajudou o protagonista a encontrar um assassino.
32 anos depois, a comédia de ação ganha nova vida no pequeno ecrã, numa sequela que acompanha agora o filho do agente do filme, Scott Turner Jr. (Josh Peck), também ele polícia. A série de seis episódios, que chega esta sexta-feira à plataforma de streaming Disney+, mantém a dinâmica da história original, voltando a aliar o detetive ao cão que herdou do pai. E desta vez ao longo de várias missões.
Criada por Matt Nix ("Burn Notice", "The Gifted"), a continuação teve McG
("Os Anjos de Charlie", "Exterminador Implacável: A Salvação") como realizador do primeiro episódio e arranca com a passagem de testemunho - ou de cão - entre pai e filho. Para o protagonista, a chegada de Hooch é uma novidade que vai mudar substancialmente a sua vida pessoal e profissional, contou Josh Peck ao SAPO Mag num encontro virtual de meios internacionais.
"Acho que um pouco de caos nas nossas vidas é A, inevitável, e B, geralmente leva-nos para um sítio melhor se lidarmos com ele e o aceitarmos. Tenho percebido, na minha vida, que quando tento evitá-lo acaba por ser mais desconfortável. E acho que isso também acontece com o Scott. Parece-me que quando o conhecemos, está demasiado rígido. E o cão certamente ajuda-o a sair da sua concha", avança.
"Também penso que a série faz um ótimo trabalho ao explorar o quotidiano de alguém que tem de se conciliar com a forma como um animal perceciona o mundo, e que acaba por aprender com isso", acrescenta Anthony Ruivivar, que encarna James Mendez, o chefe do protagonista.
A ligação entre o agente policial e o seu cão é, aliás, o elemento do filme mais presente na série, destaca Brandon Jay McLaren, que veste a pele de Xavier Wilson, um dos colegas de Scott Turner Jr.. "Acho que houve uma tentativa de manter as cenas com o cão. Quer dizer, esta série é basicamente do Hooch, e nós estamos só a habitar o seu mundo. Também acho que se tentou manter o elemento familiar, e foi muito bem conseguido. Julgo, ou espero, que é por isso que as pessoas se vão interessar pela série".
No entanto, a série "também é diferente por ser uma continuação. O filme é de 1989 e agora acompanhamos o filho da personagem do Tom Hanks - e a forma como lida com este cão desregrado. Acho que isso é ótimo porque há ecos do filme, mas também de coisas que estão a acontecer hoje", aponta Carra Patterson, que interpreta a agente Jessica Baxter.
Outra diferença face ao filme, além do facto de esta se tratar de uma sequela televisiva, foi o contexto das filmagens, assinala a atriz. "Um dos grandes desafios foi filmar durante a pandemia, por isso tivemos de assimilar novas regras e novas formas de trabalhar em conjunto - e passámos por isso juntos. Toda a gente estava muito segura. Mas foi muito diferente, uma grande novidade. Algumas coisas demoravam mais tempo. Julgo que as filmagens teriam sido muito mais rápidas se tivessem decorrido em condições normais. Por isso estou muito orgulhosa por termos ultrapassado isso e por toda a gente se ter mantido em segurança até ao fim. Mas é muito difícil perceber como se filmar neste mundo pós-COVID".
"DIE HARD" À MODA DA DISNEY
Embora tenha o filme original como modelo inevitável, esse não foi o único a inspirar "Amigos e Detetives", uma vez que quase todos os episódios assumem a influência de clássicos do cinema de ação. "Não sei como surgiu, mas o criador da série pensou em ter filmes de ação como modelo para a dinâmica de cada episódio. O segundo inspira-se no 'Die Hard - A Vingança' e o terceiro no 'Heat - Cidade Sob Pressão', acho. Também temos um episódio baseado no 'Taken', comigo a fazer de Liam Neeson", explica Josh Peck. "O conceito do 'Die Hard - A Vingança' é ser um drama intenso com ação intensa, mas aqui damos-lhe leveza e comédia e elementos para toda a família", sublinha.
Apesar de quase todos os atores da série encarnarem novas personagens, há uma (além de Hooch) que transita do filme: David Sutton, que era polícia na história original e agora é o mayor da cidade. E volta ser encarnada por Reginald VelJohnson, ator veterano que muitos conhecerão, curiosamente, como o sargento Al Powell, dos dois primeiros títulos da saga "Die Hard". "Queria muito participar e pedi para participar", refere. "Estou mais velho, algumas cenas mais movimentadas são mais difíceis de fazer do que no filme, mas gostei de toda a gente da equipa, foram todos solícitos e estavam prontos para trabalhar. Foi um desafio, mas gostei de trabalhar com estes atores e com os animais. Espero que tenhamos todos um futuro luminoso".
Para Lyndsy Fonseca, atriz lusodescendente que dá corpo a Laura Turner, a irmã do protagonista, a participação de VelJohnson fez toda a diferença. "Ajudou-me saber que a sua personagem tinha estado com o pai da minha e que havia uma ligação longa entre elas. Sinto que tive uma química imediata com o Reg. E tivemos muitas cenas juntos. Isso ajudou-me muito. Foi como se o Reg fosse a minha figura paterna e o elo de ligação com o pai da minha personagem, que está ausente e é como se fosse a alma da série.
Jeremy Maguire, por outro lado, é o elemento mais jovem do elenco, assumindo a personagem de Matthew Garland, o filho de Laura Turner. O ator de oito anos, que foi Joe Pritchett em "Uma Família Muito Moderna", recomenda "Amigos e Detetives" a algum público em especial. "Talvez a pessoas que não possam estar com a família e que possam passar algum tempo com ela a ver uma série divertida, com a qual possam ficar a gostar mais de animais. Ou pessoas que não estejam a viver um bom momento".
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