De acordo com a BBC, o documentário, dividido em duas partes, será realizado pela britânica Ursula Macfarlane, e promete “entrevistas com as várias atrizes que tiveram coragem de contar as suas histórias, bem como de repórteres e outras figuras de Hollywood”.
“Além de explorar a forma como Weinstein conseguiu abusar do seu poder e encobrir as pistas, o documentário irá relatar o crescimento de uma cultura de exploração em Hollywood”, revelou a cadeia de televisão britânica.
O filme “promete ilustrar o sexismo profundamente enraizado de Hollywood e examinar como – desde o surgimento dos estúdios na década de 1930 – uma mistura de dinheiro e poder levou a exploração e abuso”.
Segundo Tom McDonald, programador da BBC, o documentário irá “colocar questões difíceis e desafiadoras sobre cumplicidade, o preço do silêncio e os efeitos corrosivos do poder”.
“Este filme promete ser o derradeiro documentário sobre o ‘escândalo Weinstein’”, afirmou.
O chamado "escândalo Weinstein" rebentou no início de outubro, com a publicação de artigos no jornal The New York Times e na revista The New Yorker.
Entretanto, dezenas de mulheres, incluindo as atrizes Angelina Jolie, Gwyneth Paltrow, Mira Sorvino, Ashley Judd, Léa Seydoux, Asia Argento e Salma Hayek denunciaram uma série de episódios diferentes que vão desde presumíveis comportamentos sexuais abusivos a acusações de violação por parte do produtor galardoado com um Óscar pela produção de “A Paixão de Shakespeare” (1998).
Poucos dias depois da publicação dos artigos, Harvey Weinstein, um dos mais influentes produtores de Hollywood, foi despedido da The Weinstein Company, empresa que cofundou.
Weinstein, que nega ter tido mantido relações sexuais não consentidas, foi entretanto expulso da Academia de Cinema e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos, que atribui os Óscares.
O sindicato de produtores de Hollywood (PGA, na sigla em inglês) também iniciou um processo para expulsar Weinstein, mas o produtor decidiu não esperar a decisão final e saiu da instituição.
O produtor, de 65 anos, é atualmente alvo de investigação policial nos Estados Unidos e no Reino Unido.
Desde que foi divulgado o 'caso Weinstein' vários escândalos relacionados com acusações de assédio, agressão sexual e até mesmo de violação foram denunciados em diversos países.
Em novembro, a revista norte-americana Time nomeou como “Personalidade do Ano” as pessoas que, nos últimos meses, denunciaram casos de assédio e abuso sexual, num movimento coletivo denominado "#MeToo", surgido nos Estados Unidos.
Na capa da Time surgiram seis mulheres, entre as quais a atriz Ashley Judd e a cantora Taylor Swift, que quebraram o silêncio, denunciaram casos em que foram vítimas de assédio sexual, e fizeram com que milhares de outras pessoas partilhassem histórias semelhantes.
Da sexta mulher, que representa todas as vítimas anónimas, é visível apenas um braço.
Comentários