Mais um passo na transformação de 'Sonsa' para Sansa

Ninguém pode ignorar a evolução que Sansa Stark (Sophie Turner) teve nas últimas duas temporadas. Desde que foi obrigada a sair de King's Landing, a personagem até então ingénua e passiva (o que lhe valeu a alcunha de Sonsa pelas redes sociais) entrou realmente no jogo dos tronos. A ajuda/manipulação por parte de Littlefinger (Aidan Gillen) foi essencial nesse processo de mudança da jovem e foi neste episódio que vimos mais uma parte dessa relação criada entre os dois.

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Foi refrescante ver mais uma vez Sansa a controlar completamente uma conversa e a não se deixar calar pelas desculpas e argumentos que o Lorde Baelish lhe ia atirando. A forma como ela lhe perguntou o que ele achava que Ramsay (Iwan Rheon) lhe tinha feito na noite de núpcias foi um momento genial de tão embaraçoso e tenso que se tornou, servindo para finalmente se perceber o quanto a tão polémica violação vista na temporada passada afetou Sansa.

"Nunca serás uma de nós, Lady Stark"

Arya (Maisie Williams) tem demonstrado um grande avanço no seu treino e começa a custar ver a treinadora dela a duvidar constantemente daquilo que a jovem faz e do empenho que tem demonstrado. Está bem que ela teve uma recaída na última temporada e isto acaba por ser o famoso "tough love", mas já era altura de o trabalho de Arya começar a ser valorizado.

Falando em trabalho, a "rapariga que não tem nome" recebe a sua segunda oportunidade: uma missão que Jaqen H'ghar (Tom Wlaschiha) lhe entrega com o objetivo de matar uma das atrizes do teatro da cidade. Isso leva-nos a uma cena aparentemente divertida mas com uma carga dramática enorme. Isto porque, mais um vez, a jovem Stark está no meio da multidão a ver o seu pai ser decapitado. Sim, agora foi só uma interpretação (não muito correta) do que aconteceu na primeira temporada da série, mas não deixa de ser perturbador imaginar o que Arya sentiu naquele momento.

Felizmente, o que quer que tenha sentido, conseguiu disfarçá-lo e avançar com a sua missão, mostrando que talvez esteja mesmo pronta para pertencer ao grupo de Jaqen.

Política e magia por Meereen

Agora que Daenerys Targaryen (Emilia Clarke) finalmente tem tempo de conversar com Jorah (Iain Glen) e Daario (Michiel Huisman) (não estamos bem a contar a presença de Daario porque ele só ficou ali no canto do ecrã a cena toda calado), o leal companheiro da Mãe dos Dragões revela-lhe que sofre de greyscale, o que o irá matar. Daenerys, após ouvir isso e que Jorah sempre a amou, ordena-lhe que vá procurar uma cura e que regresse para ela. Um daqueles momentos curtos mas que serviram para mostrar a vulnerabilidade e cumplicidade de ambas as personagens (não, Daario não conta mesmo).

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Já por Meereen, registos mostram que o acordo feito por Tyrion (Peter Dinklage) com os mestres dos escravos resultou e a violência tem diminuído na cidade. Vitória para a diplomacia! Entretanto, e para garantir que os cidadãos continuam a apoiar Daenerys, Tyrion consegue o apoio de Kinvara (Ania Bukstein), mais uma feiticeira do Senhor da Luz (podemos chamar-lhe Melisandre estrangeira). O propósito desta nova personagem é, para já, convencer os crentes da sua religião a apoiarem a Nascida do Trovão (vamos ver quantas vezes consigo referir-me a Daenerys com um título diferente).

Mesmo com alguma desconfiança por parte de Varys (Conleth Hill), o plano parece ser seguro por enquanto  e pode servir para acalmar os ânimos até que Khaleesi (mais um) regresse à sua cidade com um exército recheado de guerreiros dothraki.

Decisões e mais decisões

Este episódio acabou por ser bastante importante para o desenvolvimento da história, com o futuro da Ilhas de Ferro e do Norte a ficar já mais definido. Enquanto que, por Castle Black, Jon Snow (Kit Harington)e Sansa partem à procura de apoiantes para a iminente batalha por Winterfell contra Ramsay Bolton (os irmão vão ao encontro do tio Blackfish e do seu exército em Riverrun), nas Ilhas de Ferro a situação é muito menos harmoniosa.

P.S.: Deixamos aqui só um reparo para mais um excelente momento de (tentativa) de sedução de Tormund (Kristofer Hivju) a Brienne (Gwendoline Christie), algo ainda não muito bem definido mas que tem dado um necessário tom mais descontraído a algumas partes dos episódios.

Falando então das Ilhas de Ferro, a nomeação de um novo rei não correu da forma mais pacífica, algo de que já todos estávamos à espera. Aliás, vimos a famosa fórmula de "A Guerra dos Tronos": momento alegre com Yara (Gemma Whelan) a conquistar o apoio dos presentes para se tornar a nova rainha, momento comovente com Theon (Alfie Allen) a discursar em favor da sua irmã e, finalmente, momento trágico que anula os dois primeiros, com Euron Greyjoy (Pilou Asbæk), tio de Yara e Theon, a surgir e a conseguir os votos para se tornar o governante da região.

Foi-nos aqui apresentado outro possível futuro para a história, com Euron a revelar que o seu plano para conquistar Westeros é ir ao encontro de Daenerys e propor que unam os seus exércitos. Porém, não sei como é que a Libertadora de Correntes (ora aqui está mais um título) irá conseguir trabalhar com um homem que, após se tornar rei, manda matar os sobrinhos, obrigando-os a fugir da própria terra. Theon e Yara partiram das Ilhas de Ferro enquanto o tio era coroado, aproveitando para lhe roubar a frota de navios.

Coração de gelo, coração partido

Começa assim o caminho para aquele que é, provavelmente, um dos momentos mais tristes de toda a série. Primeiro descobrimos, através de mais uma viagem no tempo de Bran (Isaac Hempstead-Wright) e de Three-eyed raven (Max von Sydow), que os white walkers foram criados pelos Filhos da Floresta, como forma de combater os ataques dos Primeiros Homens. O plano correu-lhes mal porque, mais tarde, Night King (Vladimir Furdik), chefe do exército de mortos que já conhecemos, virou-se contra eles.

Ansioso por saber mais, Bran aproveitou para fazer uma viagem no tempo sozinho quando todos estavam a dormir e acabou por, sem querer, revelar a sua localização ao Night King, que não tardou a chegar à Weirwood Tree com os seus zombies e matar o Three-eyed raven. Antes de morrer, o sábio levou Bran em mais uma viagem, dizendo-lhe que estava na hora de o jovem o substituir no seu posto.

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Durante o combate que então começou dentro da árvore, os Filhos da Floresta e Summer, o lobo de Bran, foram mortos pelo grande grupo de zombies. Meera (Ellie Kendrick) começou a gritar com um Bran inconsciente, que se encontrava numa viagem até Winterfell do passado. A jovem pediu-lhe que se "apoderasse" de Hodor (Sam Coleman), de forma a que este o carregasse e fugissem.

Pouco depois, para que Hodor consiga manter fechada a porta do túnel por onde Meera e Bran conseguiram fugir, o jovem Stark vê-se obrigado a apoderar-se da mente do gigante no passado, onde se encontra ainda numa visão. Essa decisão pouco prudente provoca convulsões no jovem Hodor, revelando que foi assim que ele se tornou mentalmente mais limitado, da forma que o conhecemos desde a primeira temporada.

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A montagem das cenas finais do episódio é de deixar qualquer fã em lágrimas e de boca aberta porque, ao mesmo tempo que vemos Hodor do presente a perder a vida pela segurança de Bran, percebemos que "Hodor" significa "hold the door" ("aguenta a porta"), ordem que Meera deu a Hodor. A versão jovem do gigante repetiu tantas vezes essa frase durante as convulsões, que acabou por soar como "hodor", a alcunha com que este ficaria.

Um final triste que nos deixou com novas dúvidas e que nos deu respostas a algumas perguntas já antigas. Um exemplo perfeito de como a série tem aprendido com os erros da extremamente calma quinta temporada e tem conseguido dar aos fãs um belíssimo misto de ação e diálogo, de magia e de realismo. No fim de tudo, apenas é certo que nunca mais olharemos para uma porta da mesma forma.

Nota: 9.5/10