"Até que o Porno nos Separe", documentário português de Jorge Pelicano, responsável pelo filme "Tony", vai ser exibido pela primeira vez na televisão esta quarta-feira, dia 16 de outubro, às 23h10, na RTP2. A produção acompanha a história verídica de um mãe que descobre pela Internet que o filho é ator porno.
Neste filme, Jorge Pelicano regista a jornada emocional de Eulália, católica e conservadora, a morar nos arredores do Porto, que inicia um processo de aproximação ao filho, depois de ter descoberto que ele, emigrado na Alemanha, é o primeiro ator 'porno gay' português, premiado no estrangeiro.
A ideia do documentário surgiu há alguns anos, com o documentarista a querer abordar a forma como os pais lidam com as escolhas dos filhos, ao mesmo tempo que queria explorar o mundo da pornografia, numa abordagem que não tivesse como centro os atores e atrizes ou os bastidores deste setor, contou à Lusa, quando o filme integrou, em novembro passado, o festival Caminhos do Cinema Português, em Coimbra.
Surgiu a possibilidade de filmar Eulália, na altura com 65 anos, e o filho, Sydney Fernandes, em 2016, num momento em que "as coisas ainda não estavam resolvidas entre mãe e filho", referiu, sublinhando que gosta "de histórias e personagens ainda em processo de transformação".
Num documentário em que o pai quase não aparece - "os homens têm mais dificuldade em aceitar" -, o realizador entende que o filme foi também "uma espécie de libertação" para Eulália.
"Durante o processo de filmagem, [Eulália] teve a oportunidade de conhecer outras pessoas que também estavam na mesma situação, que os filhos também tinham tido escolhas que eram contra os princípios dos próprios pais. Ao conhecer essas pessoas, ela não se sentiu isolada no mundo, e partilhar a sua história - seja com outras pessoas ou para o documento - foi uma libertação para ela e acabou por a fortalecer", vincou.
O documentário de Jorge Pelicano "sobre distância, proximidade e o amor de uma mulher com receio de perder o filho", foi premiado com vários galardões, entre eles o de Melhor Documentário e Prémio do Público nos Caminhos do Cinema Português 2018 e o Prémio Arco-Íris da ILGA Portugal 2018.
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