Está instalado um debate sobre identidade sexual na "Rua Sésamo", que é um dos programas de televisão educacional para crianças mais famoso do mundo.
Numa entrevista publicada no domingo pela revista Queerty, Mark Saltzman, um argumentista que trabalhou no programa durane 15 anos e ganhou sete prémios Emmy, revelou que Egas (Ernie) e Becas (Bert), a famosa dupla de fantoches das produções Jim Henson, são um casal.
"Lembro-me de ter lido uma coluna no [jornal] The San Francisco Chronicle, em que um miúdo em idade pré-escolar na cidade se virou para a mãe e perguntou, 'O Egas e o Becas são namorados?'. E isso, vindo de um miúdo daquela idade, foi engraçado. E aquilo circulou, toda a gente se riu e voltou ao assunto. E sempre senti que, sem uma grande agenda, que estava a escrever Egas & Becas, que eram [um casal]. Não tinha outra forma de os contextualizar", revelou.
Mark Saltzman recordou ainda que as pessoas se referiam a ele e ao companheiro de mais de 20 anos Arnie Glassman, um editor falecido em 2003 que também trabalhava no programa, como "Egas & Becas". A ficção imitava a realidade: Saltzman reconhece que é mais como o Egas, o baixinho gorducho, enquanto Glassman era o alto magrinho.
Com esta revelação a instalar-se e o próprio artigo a chamar-se a "resposta final", a rede social oficial da "Rua Sésamo" acabou por reagir.
"Como sempre disssemos, o Egas e Becas são melhores amigos. Foram criados para ensinar às crianças do pré-escolas que as pessoas podem ser boas amigas daqueles que são muito diferente delas próprias. Embora sejam identificadas como personagens masculinas e tenham muitos traços e características humanas (como a maioria dos marretas da 'Rua Sésamo'), continuam a ser fantoches e não têm identidade sexual".
Finalmente, Franz Oz, ator e realizador que também é uma das principais almas criativas dos Marretas, bem como o criador e "intérprete" do Becas desde a sua criação em 1969 até 1997, também deu a sua opinião sobre o tema.
"Parece que perguntaram ao senhor Mark Saltzman se Egas & Becas são gay. Tudo bem que ele sinta que são. Não são, claro. Mas porquê essa pergunta? É realmente importante? Por que é que precisamos definir as pessoas como apenas gay? Há muito mais no ser humano do que apenas ser hetero ou homossexual".
Comentários