“De um total de 7.206 peças noticiosas que constituem a amostra de 2015, 2016 e 2017 em que foram identificados protagonistas, apenas 15% desses foram mulheres, sendo este valor semelhante por canal e por ano. Os resultados desta observação evidenciam o protagonismo de atores do sexo masculino”, lê-se no dossier “A Diversidade Sociocultural dos Media”, publicado hoje pela ERC.
Os restantes 10% dividem-se entre as notícias que têm, em simultâneo, homens e mulheres como protagonistas (10%) e por situações não identificáveis (2%).
“A ERC tem vindo a sensibilizar os operadores televisivos para diversificarem as temáticas que integram os alinhamentos dos telejornais de horário nobre, contribuindo para o pluralismo e diversidade de temas, fontes e atores associados. Por outro lado, apela também à diversificação de atores e fontes no que ao género diz respeito, em atividades ou contextos sociais em que as mulheres estão presentes e que, por norma, continuam a ser representados na informação por homens”, apontou o regulador.
De acordo com os dados divulgados, entre 2015 e 2017, a percentagem de mulheres é superior à dos homens em apenas três categorias de atores – familiares, figuras públicas e “celebridades” e médicos e técnicos especializados da área.
Por sua vez, a presença de atores do sexo masculino é total em áreas como oficiais e atores da política da comunidade internacional.
Na política nacional, europeia ou internacional, as personalidades que obtiveram maior visibilidade, no período de referência, foram líderes partidários ou de Governo.
Por exemplo, em 2017 no âmbito da política nacional o destaque foi para o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, enquanto na política internacional o foco recaiu sobre o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e na política Europeia quem obteve maior visibilidade foi o político espanhol Mariano Rajoy.
Já entre as protagonistas femininas da informação política nacional, a coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, é que a obteve maior destaque em 2015 e a líder do CDS-PP, Assunção Cristas, nos dois anos seguintes.
A nível internacional o foco recaiu, em 2016, ano de eleições, sobre a democrata Hillary Clinton e em 2017, no âmbito da política europeia, quem teve maior destaque foi a primeira-ministra britânica, Theresa May.
O regulador revelou ainda que, entre 2015 e 2017, os programas destinados à promoção da diversidade cultural e interesses de grupos minoritários, nos canais RTP1, RTP2, SIC e TVI, somaram cerca de 1.148 horas, “o equivalente a 48 dias e 20 horas de emissão”.
No geral, estes anos representam, por ano, 1% do tempo total de programação.
“Contudo esta percentagem difere quando se considera a distribuição por canal, sendo a RTP2 a estação que concentra o maior número de programas [29] e de horas [mais de 913] de emissão, atingindo valores anuais perto de 4% em relação ao total da programação”, ressalvou a ERC.
A recolha de peças entre 2015 e 2017 inclui um total de 8.313 notícias, o equivalente a mais de 332 horas de informação.
A técnica utilizada neste estudo foi a análise de conteúdo, sendo a monitorização feita por amostragem aleatória e sistemática.
A análise da programação televisiva, por seu turno, considera a totalidade dos programas emitidos pelo canal no ano, sendo que, entre 2015 e 2017, foram analisados mais de 130 mil edições de programas, o correspondente a mais de 84 mil horas de programação.
Comentários