"Morley foi um dos mais importantes jornalistas em qualquer meio, sempre", disse o presidente e diretor-executivo da CBS, Leslie Moonves, numa declaração.

"Ele inovou nas reportagens de guerra e deixou um nome que sempre será sinónimo do '60 Minutos'. Também foi um cavalheiro, um sábio, um ótimo narrador - tudo isso e muito mais", reforçou.

Safer, que estava com a saúde debilitada e anunciou a sua reforma apenas na na semana passada, morreu em casa em Connecticut, informou a CBS.

O jornalista integrou a equipa de "60 Minutos" durante 46 anos, que, de acordo com a CBS, foi "a caminhada mais longa que alguém teve na rede de televisão no horário nobre".

Em "60 Minutos", Safer fez parte de uma equipa conhecido pela investigação jornalística contundente, com os colegas Mike Wallace, Dan Rather e outros.

Entre suas reportagens mais notáveis está uma sobre o caso Lenell Geter, um jovem negro condenado à prisão perpétua por assalto à mão armada no Texas. A reportagem expôs o trabalho apressado e descuidado feito pelos promotores, levando à suspensão da pena.

Outros trabalhos incluem uma reportagem de 1978 chamada "A Música de Auschwitz", sobre um presidiário que tocou numa orquestra para evitar a câmara de gás nazi, um perfil de Katharine Hepburn em 1979 e uma reportagem de 1991, chamada "O Paradoxo Francês", ligando o consumo de vinho tinto na redução das taxas de doenças cardíacas.

O trabalho do canadiano Safer foi premiado com 12 Emmys, três Peabody, três Overseas Press Club, dois George Polk Memorial, um Robert F. Kennedy de jornalismo - primeiro prémio para televisão 'doméstica', um Fred Friendly First Amendment e um Chevalier dans l'Ordre des Arts et des Lettres do governo francês.

O jornalista foi descoberto pela CBS em Londres em 1964. Antes de integrar "60 Minutos", Safer trabalhou para a CBS no Vietname e ficou conhecido pela sua reportagem de 1965, que mostrava a Marinha norte-americana a atear fogo em cabanas na vila de Cam Ne.

Em 1967, usou a cidadania canadeiana para entrar na China como turista e, com um assistente usando uma câmara doméstica, entregou o seu "Diário Vermelho da China", a primeira transmissão de uma rede de televisão norte-americana de dentro da nação comunista.

Nascido em Toronto, Safer acabou por obter a cidadania norte-americana. Viveu com a sua mulher, Jane, durante 48 anos e teve uma filha, Sarah Bakal.