Criada pelo realizador José Padilha ("Narcos", "Tropa de Elite" 1 & 2, "Robocop") e pela argumentista Elena Soarez ("Filhos do Carnaval", "Eu Tu Eles", "Casa de Areia"), "O Mecanismo" é uma série de ficção inspirada em acontecimentos verídicos. A história retrata como um pequeno grupo de investigadores que desvenda um monstruoso esquema de corrupção no Brasil e o impacto dessa descoberta em todos os envolvidos e neles próprios.

A série de oito episódios baseia-se no livro "Lava Jato - O Juíz Sergio Moro e os Bastidores da Operação que Abalou o Brasil", de Vladimir Netto, foi filmada no Rio de Janeiro, Curitiba, Brasília e em São Paulo e chegou esta sexta-feira à Netflix.

Embora se trate de uma história de ficção, Padilha faz referências constantes à realidade brasileira. "No Brasil a corrupção faz parte da lógica, da estrutura da política. A corrupção é a norma. Esse 'mecanismo' não tem ideologia, está tanto nos governos de direita como de esquerda", disse o cineasta na conferência de imprensa de apresentação da série no Rio de Janeiro.

Em "O Mecanismo" tudo parte, precisamente, de uma descoberta num negócio de lava jato, da mesma forma que começou a operação "Lava Jato" em 2014, que desde então levou à queda de políticos e empresários.

Veja o trailer:

Na série, ambientada principalmente em 2013 num Brasil dirigido por uma presidente, a fictícia Petrobrasil e a construtora Miller & Brecht estão no centro do mega esquema de corrupção, assim como estiveram, na realidade, a Petrobras e a Odebrecht.

A investigação sobre o "maior escândalo de corrupção de todos os tempos" é protagonizada pelos brasileiros Selton Mello, no papel do polícia, Carol Abras, como a sua discípula, e Enrique Diaz, como o doleiro corrupto.

"Acredito que o público se identificará com o lado cidadão do polícia, um tipo que quer justiça e que as coisas sejam melhores", disse Selton Mello.

O elenco conta ainda com Lee Taylor ("A Pedra do Reino"), Antonio Saboia ("O Lobo Atrás da Porta", "Fora da Lei"), Jonathan Haagensen ("Cidade de Deus"), Alessandra Colasanti ("A Verdadeira História da Bailarina de Vermelho"), Leonardo Medeiros ("Onde Quer Que Você Esteja"), Otto Jr. ("Malhação"), Susana Ribeiro ("Meu Bem Querer") e Osvaldo Mil ("A Máquina, Preamar"), entre outros.

Os males da América Latina

Após retratar o império construído pelo narcotraficante colombiano Pablo Escobar e pelos dirigentes do cartel de Cali em "Narcos", a Netflix aposta agora neste thriller policial e político.

"Procurámos temas que possam ser globais e a corrupção é um tema que é relevante na América Latina. Além disso, a série é feita por pessoas muito talentosas", apontou o vice-presidente de séries da Netflix, Erik Barmack.

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Mas esta série, filmada em português, terá tanto sucesso como "Narcos"?

"Na América Latina, em geral, as pessoas vão entender, inclusive porque [o esquema de corrupção da] Odebrecht alcançou vários países e porque a lógica da política no Brasil não é tão diferente da do México ou Venezuela", considerou Padilha.

Aclamado pela sua saga cinematográfica "Tropa de Elite", sobre os procedimentos da polícia nas favelas do Rio de Janeiro, agora Padilha promete causar polémica com este projeto que volta a exibir o lado mais obscuro do Brasil.

E embora a Lava Jato já tenha inspirado filmes, em geral elogiadores dos juízes e procuradores encarregados da operação e críticos com os governos de Lula da Silva e Dilma Rouseff, Padilha disse que a sua série não quer tomar partido.

"A Lava Jato conseguiu alguma coisa, parte do mecanismo foi punido (...) mas o sistema político brasileiro está feito para um darwinismo no sentido inverso, onde a seleção é entre os piores", apontou.

"O Mecanismo" faz parte do catálogo de produções originais brasileiras da Netflix, que inclui a recém-anunciada série "Coisa Mais Linda", "3%", "Samantha!", "O Matador", "Laerte-se" e os especiais de comédia protagonizados por Felipe Neto, Marco Luque, Clarice Falcão, Rafinha Bastos e Edmilson Filho.