O presidente do Conselho de Administração da RTP garantiu hoje que tem “toda a confiança” na direção de informação da estação pública, bem como na coordenadora do “Sexta às 9”, Sandra Felgueiras.
“Temos toda a confiança na direção de Informação, mas também na coordenação do ‘Sexta às 9’. Tal como a direção de informação nos tem dito, o programa é para continuar e com a Sandra Felgueiras”, assegurou Gonçalo Reis, em resposta aos deputados, na Comissão parlamentar de Cultura e Comunicação.
Em causa está o adiamento da emissão de um episódio do programa “Sexta às 9”, cujo tema era a exploração de lítio, justificado pela direção de informação da RTP com a necessidade de fazer uma cobertura mais alargada da campanha eleitoral.
Gonçalo Reis explicou que ao Conselho de Administração da estação pública cabe gerir “as grandes orientações” e o projeto estratégico da empresa, enquanto as opções em termos de programas ficam a cargo das respetivas direções, que as tomam com “a devida autonomia”.
Referindo-se especificamente à direção de informação da RTP, onde se incluem Maria Flor Pedroso (diretora) e Cândida Pinto (diretora-adjunta), o presidente do Conselho de Administração da RTP vincou ser uma “equipa credível, com provas dadas, de décadas, no serviço público e em privados, na rádio e na televisão”.
Questionado sobre se a coordenadora do ‘Sexta às 9’ alertou a administração para a falta de recursos no programa, Gonçalo Reis disse que este órgão tem uma política de portas abertas para ouvir qualquer colaborador da estação sempre que necessário e, nesse âmbito, a jornalista já tinha colocado o desejo de ter mais recursos alocados ao formato.
“É uma posição normal e expectável. Quase todos os coordenadores da RTP colocam esse desejo. A própria direção de informação, a Maria Flor Pedroso e a Cândida Pinto, falam, sistematicamente, na necessidade de termos os recursos necessários”, mas é claro que também “temos que gerir isso em termos económicos”, considerou.
Durante a sua intervenção, Gonçalo Reis defendeu ainda que, no âmbito do Programa de Regulação Extraordinária dos Vínculos Precários da Administração Pública (PREVPAP), a administração da RTP tem colaborado sempre com o Governo, tendo já sido integrados cerca de 180 precários da estação, sendo que os últimos 50 processos foram homologados na sexta-feira.
“Colocámos, no plano de atividades para 2020, […] uma proposta de contratações para posições onde se incluem jornalistas, mas também para áreas digitais. As empresas públicas só podem contratar se tiverem no plano de atividades essa intenção e após a devida autorização [do Governo]. Todo este plano, que queremos executar, é sempre feito num contexto de equilíbrio económico”, acrescentou.
A investigação em causa, emitida no âmbito do programa “Sexta às 9” na RTP, contou com o depoimento do antigo presidente da Câmara do Porto, Nuno Cardoso, que disse ter avisado, em reunião, o ministro do Ambiente, Matos Fernandes, e o secretário de Estado João Galamba das alegadas ilegalidades decorrentes da concessão da exploração de lítio a uma empresa que tinha sido recentemente criada.
Dois dias após o encontro, João Galamba assinou o contrato para a construção da refinaria de lítio, um negócio, segundo a investigação de Sandra Felgueiras, avaliado em, pelo menos, 350 milhões de euros.
Paralelamente, o episódio do “Sexta às 9” avançou ainda que o antigo secretário de Estado Jorge Costa Oliveira estava também ligado ao negócio, como consultor financeiro.
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