“As referidas ideias e propostas incluem a possibilidade de alienação de terrenos, a maioria destes sem qualquer utilização, e que a direção do CPN vê como virtuosa, pois vai permitir o reordenamento de toda a zona envolvente, valorizando o centro de produção, ao mesmo tempo que gera verbas significativas para que o investimento neste centro seja mais forte”, lê-se numa nota interna distribuída aos trabalhadores com data de março.

No mesmo comunicado é referido que “o projeto em estudo” insere-se numa “política de racionalidade e boa gestão do património público” e que em causa está a “rentabilização” de bens imobiliários que “são manifestamente excessivos face às necessidades operacionais”.

O objetivo da operação é, continua a nota, reduzir “custos de manutenção desnecessários” e possibilitar “encaixes financeiros que reforcem a realização de investimentos tecnológicos que aumentem a capacidade produtiva e de inovação da empresa”.

Mas num boletim divulgado pela Comissão de Trabalhadores da RTP, com data de quarta-feira, esta estrutura manifesta preocupação com a operação e refere que “regista que o conselho de administração alterou substancialmente a leitura sobre a eventual alienação dos terrenos do CPN” pois, segundo o relato da mesma estrutura representativa dos funcionários, “no início de março, em reunião ordinária, o conselho de administração afirmara não existir qualquer alienação de património em curso, negando também ter intenções nesse sentido”.

“Dois meses e meio depois, reconhece a existência de planos para alienação dos terrenos do CPN”, descreve a Comissão de Trabalhadores.

Em causa está um tema que já foi alvo de requerimentos na Assembleia da República (AR) por parte de vários partidos políticos.

O CPN da RTP é responsável por cerca de 40% da produção da televisão pública.

Para terça-feira estava agendada na Comissão Parlamentar de Cultura e Comunicação, presidida por Ana Paula Vitorino na AR, a audição do presidente da administração da RTP, Gonçalo Reis, e para quarta a audição da Comissão de Trabalhadores, mas ambas foram adiadas.

No dia 13 de maio, o secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media, Nuno Artur Silva, disse nessa comissão parlamentar que “não há nem nunca houve intenção de diminuir capacidades” do CPN da RTP.

Na segunda-feira, a deputada do PS, Rosário Gamboa, em declarações à Lusa, afirmou que quer ouvir o presidente da administração da RTP, considerando que “o que está em causa é a diversidade do serviço público, dentro do território" e que há "respostas vão ter de ser dadas".

Já na quarta-feira, também em declarações à Lusa, o deputado do PSD Cancela Moura referiu que “vai exigir até ao fim um esclarecimento cabal" sobre a possível venda de terrenos no Monte da Virgem, manifestando "preocupação" com o futuro do CPN da televisão pública e acusou: "alguém no meio deste processo todo não está a falar verdade".

Além de ter pedido a audição da administração da RTP, da Comissão de Trabalhadores e da Ministra da Cultura, o PSD pediu que a Câmara de Vila Nova de Gaia fosse ouvida, tendo ficado a 05 de maio decidido que o autarca Eduardo Vítor Rodrigues seria convidado a participar nas audições sobre este tema.

A agência Lusa contactou a administração da RTP no sentido de obter mais informações sobre esta operação, tendo esta considerado, via mensagem escrita, que “dado que irá ao parlamento responder a todos os esclarecimentos solicitados pelos deputados, não faz sentido antecipar o tema”.

“Nessa altura ficará claro que não há nenhuma intenção de desinvestir ou diminuir a capacidade de produção no CPN”, lê-se na resposta do gabinete de assessoria da administração da RTP.

Além dos pedidos do PSD e do PS, a ida de Gonçalo Reis e da Comissão de Trabalhadores à Comissão Parlamentar de Cultura e Comunicação foi ainda alvo de requerimento do Bloco de Esquerda, estando também em causa outro dossier relacionado coma venda do terreno da antiga estação emissora da RTP, em Miramar, também em Gaia.

Em março, o BE adiantava num requerimento que "segundo o relatório de contas de 2016 da RTP” o terreno da antiga estação emissora, em Miramar (Vila Nova de Gaia) teria sido vendido “alegadamente por 600 mil euros, numa rubrica de vendas de património que inclui outro prédio em Ponta Delgada, numa soma total de 621,8 mil euros”.

Ainda em março, os deputados do PSD contestaram o "negócio imobiliário" associado àqueles terrenos, referindo que “a antiga emissora vendida por 1,7 milhões de euros, em 2016, foi, entretanto, colocada à venda por 12,3 milhões de euros”.

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