Pedro Duarte falava na comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, no âmbito dos requerimentos do Bloco de Esquerda (BE), PCP, PS, Chega e Livre sobre o Plano de Ação para a Comunicação Social anunciado pelo Governo.
O fim da publicidade na RTP será gradual nos próximos três anos, com redução de dois minutos/hora em 2025 e 2026, com um custo estimado total de 20 milhões de euros e o impacto da redução de receita de cerca de 6,6 milhões de euros por ano.
O governante, em resposta ao PS, disse que o facto de se dizer "que há um plano de descapitalização, um plano de desmembramento [da RTP] é manifestamente exagerado, para não dizer descabido".
Até porque "a única coisa que estamos a alterar é a fonte de financiamento de 9% das receitas da RTP, 9% que mesmo que se nós não fizermos nada se calhar no próximo ano é 8% e depois é 7%", prosseguiu o ministro.
"O financiamento de publicidade comercial está cair de forma abrupta na RTP ao longo dos anos", apontou Pedro Duarte, citando que recentemente foi escrito que em 1993 "valia 73% do orçamento" do grupo de media público.
"Hoje vale 9%, mesmo que não fizéssemos nada provavelmente essa receita iria acabar, nós estamos a acelerar esse fim", insistiu o governante.
"Compensando a RTP de outras formas e libertando a RTP, à semelhança do que acontece por exemplo na BBC, na TVE, na generalidade das estações públicas nórdicas que não têm publicidade comercial e que são muito relevantes no seu país", disse.
Perante isto, "é viver num mundo de ficção absolutamente alucinada e admito que só uma tentação de fazer oposição por fazer oposição é que pode levar a que não se pense com calma e serenidade" sobre as medidas que estão a ser propostas, considerou.
Pedro Duarte referiu que o que o Governo está a propor, "e é isso que é essencial", é o "reforço do papel da RTP" na sociedade.
Ainda em resposta à deputada do PS Mara Lagriminha, que disse que a RTP é uma empresa que não dá problemas ao Estado, o governante contrapôs: "Mas eu acho que dá".
"Não estou a falar do ponto de vista financeiro, nem da sua gestão, estou a dizer porque acho que a RTP só faz sentido existir se de facto prestar serviço público de media que hoje em dia a sociedade precisa", sublinhou.
E "dá muitas dores de cabeça porque eu sei o futuro que aí vem. Não tem a ver com a RTP hoje, tem a ver com a RTP amanhã", acrescentou o ministro.
Se "não fizermos nada, acredite, podemos todos ter as melhores intenções, os melhores gestores à frente da RTP, os melhores jornalistas, mas se não dermos condições" para a empresa se modernizar e se adaptar aos novos públicos e aos novos tempos, a "RTP tende para a irrelevância", rematou, referindo que isto "vale para qualquer televisão" e em toda a Europa.
O governante apontou que as audiências da RTP são mais baixas do que o executivo gostaria, e alertou que são, também, mais envelhecidas.
De acordo com Pedro Duarte, 64% da audiência da RTP1 tem mais de 65 anos, enquanto entre os 15 e os 35 anos esta percentagem é "pouco mais de 5%".
O Plano de Ação para os media contém 30 medidas e prevê o fim da publicidade da RTP em 2027.
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