Embora seja uma das sagas televisivas que mais visibilidade tem dado a minorias desde a estreia, nos anos 1960, "Star Trek" ainda não tinha entre a vasta galeria de personagens uma que fosse abertamente homossexual. Mas a nova série do universo criado por Gene Rodenberry, desenvolvida pela CBS e disponível em Portugal na Netflix, deu esta semana mais um passo que confirma a diversidade do núcleo protagonista.

"Choose Your Pain", o quinto capítulo de "Star Trek: Discovery", teve um final marcado pela revelação do relacionamento amoroso entre o tenente Paul Stamets (Anthony Rapp) e o Dr. Hugh Culber (Wilson Cruz). A orientação sexual do primeiro já tinha sido sugerida em episódios anteriores da série e foi finalmente confirmada por uma cena que contou apenas com a dupla nos seus aposentos.

Apesar de o mais recente filme da saga, "Star Trek: Além do Universo" (2016), ter apresentado uma das personagens históricas da primeira série, Hikaru Sulu, como homossexual, essa mudança não só foi retroativa como decorre num universo paralelo.

O tenente Paul Stamets destaca-se, assim, como primeira personagem abertamente gay da série e é interpretada por um ator também ele homossexual. Em entrevista à revista Out, Anthony Rapp, de 45 anos, considera "uma honra" encarnar uma personagem pioneira neste universo.

"'Stark Trek' foi concebida como uma visão de futuro utópica: humanos da Terra lado a lado com espécies de toda a galáxia. Parte disso implica viver harmoniosamente sem que as diferenças constituam um problema", assinala o norte-americano que teve entre os primeiros papéis o de Mark Cohen na peça LGBT "Rent", da Broadway, há duas décadas.

"A visibilidade é tremendamente importante para mim e foi por isso que assumi a minha homossexualidade há 24 anos. (...) É muito mais fácil para as pessoas denegrirem ou marginalizarem o que não é visto, o que é desconhecido, do que olharem o outro nos olhos e dizerem: 'Vou condenar-te'", explica ainda em entrevista ao site The Daily Beast.

Rapp diz também que, para a tripulação da nave Starfleet, cenário principal da série, "o que importa é o que és e o que dizes. (...) Ninguém está preocupado com as tuas origens, a tua etnia ou o teu género. Ou, no caso do Stamets, com a orientação sexual dele".

Além do casal gay, "Star Trek: Discovery" já se tinha distinguido de versões anteriores da saga por ser a primeira com uma atriz afro-americana como personagem principal - apesar de a série original, dos anos 1960, ter tido na tenente Uhura uma personagem negra com um papel invulgarmente preponderante para a época.

"Star Trek: Discovery" estreou no final de setembro e os novos episódios têm sido disponibilizados na Netflix ao ritmo de um por semana, todas as segundas-feiras.