"Cerca de metade dos reparos são contra a transmissão das corridas de toiros", afirmou Jaime Fernandes na comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, no âmbito da apresentação do relatório de atividades de 2015.

De acordo com o relatório, "apesar das recomendações do provedor e do parecer explicitado nas emissões do Voz do Cidadão, de que não considera as corridas de toiros um conteúdo de serviço público, a RTP exibiu em 2015 o mesmo número de touradas que transmitiu em 2014".

No entanto, "recebeu muito mais queixas - exatamente 8280, o que representa 55% do total de mensagens recebidas durante o ano", adianta o documento.

"Acho que a transmissão de touradas não é serviço público, mas, por outro lado, acho que o futebol já cabe", afirmou o provedor do Telespectador da RTP.

Jaime Fernandes salientou que "há uma sistemática quebra de audiências da RTP".

"Constato que a RTP está claramente a ficar com uma audiência envelhecida", adiantou, apontando que a estação pública tinha audiências diferentes quando estas eram medidas pela Marktest, quando comparadas com as atuais, que são feitas pela GfK.

Questionado sobre o facto de a RTP ser agora tutelada pelo Ministério da Cultura, Jaime Fernandes considerou "adequado".

"Por que acho adequado? Porque [o Ministério da Cultura] tem capacidade para influenciar positivamente alguma postura da parte da RTP, a RTP descuida muito, por razões que não consigo perceber muito bem, olha pouco para dentro de Portugal e, sobretudo, para a cultura, património e algumas tradições", considerou o provedor do Telespetador.

"Vejo com bons olhos uma tutela mais ativa, mais técnica", acrescentou.

Questionado sobre se o papel do provedor tem tido relevância, Jaime Fernandes afirmou: "Acho que sim".

Jaime Fernandes lembrou que o provedor recomenda, "não tem competências para alterar seja o que for". "Faço muitas recomendações, muitas são aceites", disse.

Defendeu, a título pessoal, que a RTP deveria "claramente" ter "um canal internacional feito como tal" e considerou que a RTP3 "não tem razão de ser, é gastar recursos".

No caso da aposta da RTP no digital (internet), considerou que a empresa "está a fazer um bom investimento".

Segundo o relatório, durante o ano passado, "verificou-se um aumento global do número total de questões recebidas pelo gabinete de apoio aos provedores através dos canais de contacto disponibilizados no portal ‘web’ da RTP. Este aumento verificou-se relativamente quer ao provedor do Telespectador, quer à provedora do Ouvinte".

"Porém, o incremento verificado foi especialmente significativo na quantidade de mensagens enviadas ao provedor do Telespectador, que mais do que duplicou relativamente a 2014, sobretudo no número de mensagens recebidas por vias alternativas ao portal ‘web’ – correio tradicional, correio eletrónico e serviço de atendimento aos telespectadores – que pela primeira vez superaram o número de mensagens recebidas pelo portal ‘web’", adianta o documento.

Por sua vez, a provedora do Ouvinte da RTP, Paula Cordeiro, apresentou um relatório que "não o final", mas "claramente […] produzido no cumprimento da lei".

O relatório final será apresentado em junho.

Relativamente às reclamações, a provedora do Ouvinte disse que estas visam essencialmente a informação, música, futebol e atualização de programas na RTP Play.

Questionada sobre a diáspora dos ouvintes da rádio pública, a provedora disse ter pouca informação sobre quem ouve e onde estão.

"Não tenho informação concreta de onde estão as pessoas, a própria direção [da rádio] debate-se com este problema", disse Paula Cordeiro.

A provedora adiantou que a oferta da Antena 2 "está em vias de ser melhorada e até transformada".

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