Há trinta anos, os portugueses já tinham o hábito de ver telenovelas, depois de terem visto, em 1977, a produção brasileira «Gabriela, Cravo e Canela», que dominou os serões dos telespetadores.

Cinco anos depois dessa novela brasileira, a produtora Edipim aventurou-se numa produção portuguesa com «Vila Faia», uma história da escritora Odette de Saint-Maurice, realizada por Nuno Teixeira, sobre uma família abastada produtora de vinho.

O enredo foi adaptado por Francisco Nicholson e João Alves da Costa, e protagonizado por um conjunto de nomes sonantes e outros estreantes, como Mariana Rey Monteiro, Ruy de Carvalho, Margarida Carpinteiro, Ana Zanatti, Luís Esparteiro, Curado Ribeiro, João Perry, Varela Silva e Nicolau Breyner. Na altura, Nicolau Breyner tinha 42 anos e ficou com o papel do camionista João Godunha e encarregado da direção de atores.

Hoje, passados trinta anos, o ator, produtor, apresentador e realizador de cinema recorda-se de um tempo em que tudo estava a ser feito pela primeira vez. «Ninguém sabia nada daquilo. Era tudo novíssimo, foi uma aventura lindíssima. Recordo-me de estarmos numa garagem da Edipim a fazer os «castings». Foram milhares a querer participar», disse à agência Lusa.

A crítica não foi favorável à telenovela. «Claro, estavam habituados às produções brasileiras e os críticos tentaram deitar aquilo abaixo, mas não conseguiram, porque tivemos índices de audiência espantosos», recordou Nicolau Breyner.

O sucesso da telenovela impulsionou a produção de outras novelas nos anos seguintes, sempre na RTP - até à abertura dos canais privados SIC e TVI na década de 1990 -, como «Chuva na Areia» (1985), «Palavras Cruzadas» (1987) e «Telhados de Vidro» (1994).

Nos anos seguintes, a RTP repôs «Vila Faia» por várias vezes e foi feita uma nova versão, já no virar do milénio, por ocasião dos 25 anos da estreia. Essa versão atualizada de «Vila Faia», estreada em 2008, contou com realização de Duarte Teixeira, filho de Nuno Teixeira, e de Sérgio Graciano. Do elenco fizeram parte Albano Jerónimo, Inês Castel-Branco, Simone de Oliveira, Virgílo Castelo e Suzana Borges, entre outros.

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