Em entrevista à AFP, Barbera, que abriu na quarta-feira a 78.ª edição da mostra, confessa que este tem sido um ano particular, não tanto pela pandemia, mas pela alta qualidade das obras submetidas. “A seleção não foi fácil, muitos filmes não aparecem por questão de espaço, e não pela qualidade dos mesmos”, contou.

“O que mais me surpreendeu positivamente foi que a qualidade dos filmes é muito elevada este ano. (...) É como se as difíceis condições em que os filmes foram rodados tivessem servido de estímulo à criatividade dos realizadores”, apontou. “Muitos filmes desses realizadores estão entre os melhores que eles já fizeram. Será uma das melhores edições dos últimos anos”, anuncia.

Este ano, serão exibidos filmes de 59 países, dos quais 21 irão concorrer ao cobiçado Leão de Ouro. Entre eles estão os últimos títulos de cineastas da dimensão do espanhol Pedro Almodóvar, a neozelandesa Jane Campion, o italiano Paolo Sorrentino e o chileno Pablo Larraín, que disputarão na seção oficial.

“O cinema vive uma espécie de renascimento produtivo e económico, comparável aos anos dourados das décadas de 1950 e 1960”, explicou.

Uma mostra 'quase normal'

Apesar de uma programação particularmente rica, o festival será realizado sob condições especiais, mais uma vez blindado devido à pandemia, como aconteceu no ano passado.

“Optamos pelas mesmas medidas de segurança do ano anterior e exigimos também o chamado passaporte verde, o certificado anticovid ou fazemos testes em quem não foi vacinado. O festival, portanto, será seguro, contará com mais jornalistas credenciados e mais espectadores. As delegações de quase todos os filmes selecionados desfilarão no tapete vermelho. Será um festival quase normal", disse Barbera.

O crítico de cinema italiano abriu na quarta-feira a edição de 2021 com a longa-metragem de Almodóvar, um sucesso, e que já é presença certa no Festival de Cannes, em França.

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"Digamos que flirtamos há anos. Ele não vinha a Veneza desde 1998, há 23 anos. Há três anos demos-lhe o Leão pela sua carreira, e o público veneziano recebeu-o de forma tão calorosa e apaixonada que ele ficou pasmo. Prometeu apresentar o seu novo filme em Veneza e manteve a promessa", contou.

Além de realizadores reconhecidos, Barbera selecionou pela primeira vez quatro filmes da América Latina para a competição oficial, um recorde, e uma confirmação da boa saúde do cinema nessa região. “Muitos países latino-americanos que não têm tradição cinematográfica começaram a investir no cinema. Estão a nascer novos realizadores, novos talentos, muito talentosos, que contam histórias do seu próprio país e de sua própria cultura. São muito originais", garantiu.

“Eles têm a possibilidade de viajar pelo mundo graças aos festivais. Acredito que os seus filmes chegarão às salas de cinema e, principalmente, às plataformas, porque esse será o futuro para todos. É a maneira de atingir um público que antes era difícil de conquistar", concluiu.