"Parece-me diferente dos outros dois, e maior. Maior em todos os aspetos", diz Paul Rudd sobre o 31.º filme do MCU (e o primeiro da Fase Cinco), que chega às salas nacionais esta quinta-feira, 16 de fevereiro.

Numa mesa-redonda virtual na qual o SAPO Mag esteve presente, o norte-americano recordou a sua experiência enquanto super-herói (e elemento dos Vingadores) já com três filmes a carregar o seu nome.

"Ao andar na rua, há uma grande probabilidade de alguém gritar 'Homem-Formiga'. Ouço muito isso. A minha vida mudou muito devido a este papel. Tem uma grande visibilidade, isso nunca aconteceu comigo antes de trabalhar no MCU", confessa.

Quantumania
Quantumania

"Principalmente junto do público infantil, o que é uma novidade para mim, porque fazia maioritariamente comédias para um público adulto", sublinha o ator que começou por dar nas vistas nos anos 1990, em filmes como "As Meninas de Beverly Hills" ("Clueless", no original) ou o "Romeu e Julieta" de Baz Luhrmann, que passou por séries como "Friends" ou "Parks and Recreation" e que fez parte de várias comédias de Judd Apatow (e protagonizou "Aguenta-te aos 40!").

O à vontade para o registo cómico ajuda a explicar porque é que Rudd tem sido convincente e aplaudido como Scott Lang, um dos Vingadores mais espirituosos - e o humor tem sido um dos ingredientes-chave dos filmes do Homem-Formiga e da Vespa. Mas há outros pontos de contacto entre o ator e a personagem. "Ele tem alguns paralelos com a minha vida. Tenho uma filha, de 13 anos. Tal como ele, sei como é querer ser bom pai. O Scott Lang tem uma relação amor-ódio com o facto de ser o Homem-Formiga. Quer ser um bom pai, estar presente, ser um pai responsável. Sinto-me um pouco assim... Tenho sido o Homem-Formiga há oito anos, mas também questiono se isso será bom para a minha filha. Quero estar mais em casa", sublinha.

"Acho que ele valoriza as coisas certas. Percebe o que é verdadeiramente importante. Identifico-me com isso e sinto o mesmo em relação aos meus filhos. É divertido interpretá-lo, sobretudo porque não tem superpoderes inatos, é um tipo normal. Gosto de encarnar essa versão neste mundo, em vez de ser um Deus ou assim", acrescenta, fazendo uma ressalva: "Mas ele é uma personagem, não acho que me esteja a interpretar a mim próprio".

Homem-Formiga
Homem-Formiga

Uma história de crescimento

"Há sempre espaço para crescer", diz-se em mais de uma ocasião ao longo de "Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania". E a ideia aplica-se a mais de uma vertente numa história na qual os protagonistas podem mudar de tamanho com facilidade, passando de gigantes a uma dimensão microscópica. Mas o filme que fecha esta trilogia (deixando a hipótese de sequelas, ou não estivéssemos a falar de uma aposta da Marvel) também é uma história de chegada à maturidade, ou a maturidade possível para um homem que não se leva muito a sério.

"Acho que ele cresceu muito e também viveu muita coisa desde o primeiro filme do Homem-Formiga. Era um tipo que tinha saído da prisão, embora tivesse ido lá parar devido a boas intenções, mas que nunca se imaginou como um super-herói. Só não queria ser um pai ausente", diz Rudd.

"Nos últimos anos, voltou a estar preso, esteve algumas vezes no Domínio Quântico, salvou o mundo, enfrentou o Thanos, tornou-se um Vingador, perdeu anos com a filha... Passou por muita coisa e a consequência disso é ter passado a valorizar mais o tempo. Tempo com a família, com a filha, é só isso que ele quer. Quando o filme arranca, ele está num estado de contentamento e felicidade. Pensa que os tempos de super-herói ficaram para trás e pode finalmente respirar. Só que não dura muito", assinala, sorridente.

Quantumania
Quantumania

Além do Homem-Formiga, o filme traz de volta Hope Van Dyne/Vespa (Evangeline Lilly), Hank Pym (Michael Douglas), Janet Van Dyne (Michelle Pfeiffer) e a filha do protagonista, Cassie Lang (Kathryn Newton), agora já adolescente.

"Estes filmes são sobre a família, as relações entre os pais e os filhos", descreve o ator. "Como fui um dos argumentistas dos dois primeiros filmes, tentei que se baseassem muito na relação do Scott com a filha", revela.

Mundo (quântico) de aventuras

A dinâmica geracional abre a porta para que "Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania" confronte ativismo e conformismo, mas o realizador Peyton Reed (que já tinha dirigido os filmes anteriores) e o argumentista Jeff Loveness têm mais em vista nesta terceira aventura. Se os dois primeiros títulos eram quase casos de minimalismo face às superproduções Marvel, este é um capítulo de recorte épico, com heranças óbvias de sagas espaciais - embora decorra no Domínio Quântico e não noutros planetas ou galáxias.

Quantumania
Quantumania

Há alusões mais ou menos declaradas a "Stars Wars" e "Avatar", mas também a alguns recantos de "Matrix" ou contos de "Twilight Zone", sem abdicar do tom lúdico que tem moldado a passagem do Homem-Formiga e da Vespa pelo MCU.

"Fui argumentista dos dois primeiros filmes e quando escrevo uma piada, poderia ser uma piada que diria no meu dia a dia", conta Rudd. "É importante conseguir alguma sinceridade mas não tornar as coisas demasiado sentimentais. Tem de continuar a ser divertido".

Rudd louva a sinceridade da saga, por exemplo, nas cenas com crianças e adolescentes, até porque Cassie Lang tem um papel mais preponderante do que nunca (e quem já conhecia a personagem através da BD tem motivos para acreditar que não vai ficar por aqui). "As crianças tendem a ser subestimadas no seu conhecimento e perspicácia. Podemos ser condescendentes com elas sem nos apercebermos ou menorizar as suas ideias e opiniões. Acho que isso acontece a toda a hora. Tenho filhos e tento pensar que, em certos casos, podem saber mais de um assunto do que eu. Ao escrever uma cena com crianças, tento sempre respeitar a sua inteligência".

TRAILER DE "HOMEM-FORMIGA E A VESPA: QUANTUMANIA":