O filme “Alfama em Si”, de Diogo Varela Silva, estreia-se no próximo ano, disse o produtor João Figueiras, que reconheceu existir “um litígio” com o realizador, o que levou o Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA) a intervir.
“O ICA tem conhecimento da existência de uma situação de litígio entre o produtor e o realizador da obra ‘Alfama em Si’. Por esse motivo, promoveu reuniões entre os intervenientes, com os respetivos mandatários, na procura de um entendimento entre ambos que venha a permitir a boa conclusão da obra”, afirma o instituto público, em comunicado enviado à agência Lusa.
O instituto ressalva, todavia, “que a decisão sobre os litígios que se verifiquem entre as partes extravasa as competências do ICA" e que cabe "aos Tribunais, não havendo entendimento, decidir sobre a matéria”.
O realizador Varela Silva disse à Lusa que se encontram "por pagar vários atores, técnicos” e ele próprio, recusando-se a acabar o filme "nestas condições".
Diogo Varela Silva afirmou que só voltará a trabalhar no filme, que conta, entre outros, com os desempenhos de Celeste Rodrigues, Camané e Rodrigo, depois de lhe ser pago o que lhe é devido, “da preparação e rodagem”, e espera que os técnicos e atores “sejam pagos sem mais demora”.
O realizador diz não perceber “qual a razão, para os profissionais não terem sido pagos pelo seu trabalho”, referindo que o filme teve financiamento público, nomedamente do ICA, e de privados.
João Figueiras, da produtora Blackmaria, em declarações à Lusa, afirmou por seu lado que “o filme está pronto” e só “falta o genérico”. “Aguardo ainda a possibilidade de [haver] outros parceiros”, acrescentou.
O realizador “está a levantar questões para evitar ou atrasar a estreia do filme”, acusou João Figueiras, referindo que a exibidora e distribuidora NOS “é que adiou a estreia para o próximo ano, dado que percebeu que estas questões levantadas pelo Diogo [Varela Silva] estavam a criar problemas”.
O realizador, por seu turno, chamou à atenção que “também falta a mistura de som”, e sublinhou que o filme tem de ser terminado por si, ou “não poderá ser aceite no ICA como obra acabada”.
No comunicado enviado à Lusa, o ICA, reconhecendo “as questões existentes entre o produtor e o realizador”, realça que, até à data, ”o processo está em curso”.
“A obra ainda não está concluída sendo que o prazo para a sua conclusão ainda não terminou. O ICA tem tentado conciliar os interesses de ambas as partes para que se concretize o objetivo que importa acautelar: a conclusão da obra nas condições contratualmente estabelecidas entre todas as partes intervenientes no processo”, lê-se no texto.
“Caso tal não se venha a verificar, o ICA executará todos os mecanismos necessários previstos na lei aplicáveis a situações de incumprimento contratual”, adverte o instituto tutelado pelo Ministério da Cultura.
Neste sentido, “a produtora ainda dispõe de prazo para a entregar” as cópias finais, e “tal como habitualmente, será verificada a conformidade dessa entrega”, afirma o ICA.
Segundo o quadro legal em vigor, “a produtora obrigou-se a entregar, no prazo de dois anos, a contar da celebração do contrato de apoio, dois suportes da versão definitiva da obra, um deles destinado à Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema e outro ao ICA”, refere o instituto público.
“Alfama em Si” é “o primeiro filme musical inteiramente cantado em fado”, e conta com a direção musical de José Mário Branco, disse Varela Silva. O elenco é constituído por “nomes maiores do fado”, como Ana Moura, Camané, Celeste Rodrigues, Katia Guerreiro, Ricardo Ribeiro e Rodrigo, entre outros.
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