A greve dos argumentistas de Hollywood, que se prolongou durante 148 dias, vai terminar à meia-noite (08:00 de hoje em Lisboa), decidiram os líderes do sindicato Writers Guild of America (WGA).

A decisão foi tomada unanimemente pelos conselhos de administração do WGA Oeste e do WGA Leste.

“Isso permite que os argumentistas voltem ao trabalho durante o processo de ratificação, mas não afeta o direito dos membros de tomarem uma decisão final sobre a aprovação do acordo", sublinhou a WGA, em comunicado.

O acordo de princípio, alcançado no domingo, vai ser submetido a uma votação de ratificação entre 2 e 9 de outubro. Caso os 11.500 membros do WGA rejeitem o acordo, a greve será retomada.

Produções televisivas como ‘talk-shows’ deverão ser as primeiras a regressar ao ar. A revista da especialidade Variety indicou que as emissões de informação e entretenimento difundidas em diversos canais no final da tarde poderão ser retomadas dentro de duas a três semanas.

Cerca de 11.500 membros do WGA iniciaram, em 2 de maio, uma greve devido a questões salariais e ao uso de inteligência artificial na criação de argumentos.

O acordo alcançado entre o WGA e os patrões dos grandes estúdios e plataformas de ‘streaming’ põe fim à greve que paralisa a indústria cinematográfica e televisiva norte-americana, apesar de prosseguir o 'braço de ferro' entre atores e estúdios.

O acordo inclui “ganhos significativos” em termos salariais, e ainda proteções para enquadrar o uso da inteligência artificial.

O compromisso aceite pelos estúdios com os argumentistas inclui um aumento do salário mínimo, bónus suplementares para os que escrevem as séries com maior audiência e formas de assegurar que a inteligência artificial seja utilizada sem afetar a sua remuneração.

No entanto, a indefinição persiste em Hollywood, com os atores, representados pelo sindicato SAG-AFTRA a permanecerem em greve e admitindo-se que a resolução deste conflito social possa prolongar-se por semanas.

As reivindicações do SAG-AFTRA vão mais longe que as colocadas pelo WGA.

O sindicato dos autores pede um maior aumento salarial, e a atribuição de uma percentagem real dos benefícios aos atores, independentemente do conteúdo, prevendo-se árduas negociações.

Atores querem ainda garantir que os estúdios não vão usar inteligência artificial para os substituir e querem receber pagamentos residuais no modelo de transmissão através de plataformas como a Netflix.

Anteriormente, estes pagamentos eram dados aos artistas de receitas provenientes de séries ou filmes licenciados para mercados internacionais ou retransmitidas na televisão.

A greve de argumentistas e atores em Hollywood já custou à Califórnia cerca de cinco mil milhões de dólares (4,7 mil milhões de euros), de acordo com o Milken Institute.