Questionada pela agência Lusa sobre as prioridades que deviam estar inscritas no Orçamento do Estado para 2012 na área do cinema, a presidente da
Associação Portuguesa de Realizadores (APR), Margarida Gil, defendeu um reforço de financiamento público «de forma a garantir a sobrevivência do setor».

«É urgente uma definição deste governo sobre a sua política para o setor. O silêncio do secretário de Estado da Cultura é inquietante», sublinhou a realizadora.

Para a associação, a questão do financiamento do setor está para lá do Orçamento do Estado para 2012.

«As verbas para o financiamento do setor têm vindo a diminuir de há 10 anos a esta parte, o que tem levado os profissionais a uma situação muito precária», denunciou, referindo que as verbas «que decorrem não do Orçamento do Estado mas sim da publicidade das televisões devem ser totalmente canalizadas para a produção, difusão e divulgação dos filmes portugueses».

É que o atual modelo de financiamento para o cinema «está obsoleto» e o aumento ou mesmo manutenção de níveis de financiamento mínimos, só depois de aprovada a nova lei do cinema, ainda em preparação para discussão, recordou.

Margarida Gil deu ainda casos concretos da falta de verbas para apoiar publicamente a produção nacional.

Citando dados do Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA), a associação afirma que para os apoios de 2012 só existe dinheiro suficiente para «assegurar os compromissos já assumidos», porque houve uma «diminuição substancial» das receitas de publicidade das televisões (que revertem, numa percentagem, para apoios do ICA).

«Quer dizer que os apoios de concursos de 2011 ainda não contratados só terão verba em 2013», alertou.

Com sucessivas mudanças de governos, a política para o setor tem sofrido também alterações. Por isso, a Associação Portuguesa de Realizadores quer uma reflexão sobre a política para o setor.

«Para que serve? Com que meios? E com que objetivos. Falar em cortes e em circunstâncias de crise económica é muito curto. É preciso uma voz e uma visão. Coisa que, seja ministério ou secretaria, há muito que não temos», elencou.

A proposta de Orçamento do Estado para 2012 será aprovada em Conselho de Ministros na quinta-feira.

@Lusa