"Barbie" não chega: estudo revela que as mulheres não têm protagonismo em Hollywood

Após uma década a melhorar, a proporção de filmes com protagonistas mulheres tem decrescido desde 2020, segundo o estudo 'Hollywood Diversity Report', da Universidade da Califórnia de Los Angeles.

A participação de filmes de Hollywood com mulheres em papéis principais diminuiu no ano passado, apesar de sucessos como "Barbie", de acordo com uma nova pesquisa divulgada esta quinta-feira.

No ano em que o filme feminista de grande sucesso, protagonizado por Margot Robbie, venceu os seus concorrentes nas salas de cinema, apenas um terço dos filmes foram protagonizados por mulheres, segundo o estudo 'Hollywood Diversity Report'.

A divertida sátira de Greta Gerwig, que arrecadou mais de 1,4 mil milhões de dólares nas bilheteiras (1, 28 mil milhões de euros, à cotação dia dia), também recebeu oito nomeações para os Óscares, incluindo para Melhor Filme.

"Mesmo quando 'Barbie' bateu recordes de bilheteira, a indústria demonstrou que continuou a subvalorizar os filmes centrados e dirigidos por mulheres, já que elas perderam espaço de representação entre protagonistas, argumentistas e atores em geral", diz o relatório elaborado pela Universidade da Califórnia de Los Angeles (UCLA).

A proporção de filmes com protagonistas mulheres aumentou constantemente ao longo da década até 2019, segundo os investigadores.

Naquele ano, 44% dos filmes produzidos em Hollywood tinham uma protagonista. Desde então, a proporção caiu para apenas 32% dos filmes com uma mulher no papel principal em 2023.

"É um alerta para Hollywood", disse Ana-Christina Ramon, cofundadora do estudo e diretora do centro de pesquisas da UCLA 'Entertainment and Media Research Initiative'.

E acrescentou: "Os estúdios precisam investir nas mulheres e nas suas histórias. As mulheres produtoras e realizadoras são essenciais para o crescimento da indústria".

O estudo, que está no seu 12º ano, também concluiu que filmes com elencos mais diversificados, incluindo uma maior proporção de atores não brancos, têm melhor desempenho nos cinemas.

Sagas cujos elencos são compostos por pelo menos 50% de pessoas negras tiveram mais sucesso do que os títulos anteriores, diz o estudo, citando exemplos como "Creed III", "Gritos 6” e "John Wick 4".

Assim como nos anos anteriores, o estudo revelou que o público negro liderou as bilheteiras, já que pelo menos seis em cada dez ingressos para o fim de semana de estreia desses filmes foram adquiridos por clientes não brancos.

"Quando a indústria cinematográfica oferece o que eles querem, as pessoas negras vão ao cinema sem parar", constata Ramon.

A 96ª cerimónia dos Óscares será este domingo em Hollywood.