
No domingo, o realizador brasileiro Kleber Mendonça Filho entrou na disputa em Cannes com um 'thriller' político que pode acrescentar suspense a um festival que ainda não tem favoritos claros para a Palma de Ouro após uma semana de estreias.
Muito aplaudido e elogiado pela imprensa internacional, "O Agente Secreto" é um filme que se passa na década de 1970 e conta a história de um professor (Wagner Moura) que foge da repressão durante a ditadura militar brasileira.
Um enredo que pode lembrar o do grande sucesso do cinema brasileiro "Ainda Estou Aqui", de Walter Salles, vencedor do Óscar de Melhor Filme Internacional, também ambientado naqueles anos sombrios.
Mendonça Filho é um rosto conhecido em Cannes, onde concorreu ao prêmio máximo com "Bacurau" (2019) e "Aquarius" (2016).
Também participou fora da competição, como há dois anos, com o documentário "Retratos Fantasmas".

"O Agente Secreto" tem lugar na cidade portuária de Recife, em pleno Carnaval.
Na sua chegada à passadeira vermelha em Cannes, a equipa do filme foi acompanhada por um animado grupo de samba, para a alegria dos espectadores.
A outra grande estreia do dia foi "O Esquema Fenício", de Wes Anderson, uma comédia de espionagem protagonizada por uma horda de estrelas de Hollywood, como tem sido costume nos seus últimos trabalhos, incluindo Benicio del Toro, Tom Hanks, Bill Murray, Scarlett Johansson e Mia Threapleton, filha de Kate Winslet.
Anderson é um cineasta meticuloso, fazendo filmes que muitas vezes parecem casas de bonecas, com um cenário totalmente artificial e colorido.
Personagens femininas fortes
Com estes dois filmes, Cannes terá estreado 11 dos 22 filmes em competição, sem que haja um favorito claro, segundo os observadores.
Grande parte das longas em competição para o prémio principal do 78.º Festival de Cannes contam histórias intimistas.
Além disso, nesta edição, o protagonismo feminino veio com força: um grupo de miúdas alemãs que personificam a história do seu país ("Sound of Falling"), uma miúda japonesa com um pai moribundo ("Renoir"), o despertar homossexual de uma jovem muçulmana francesa ("La Petite Dernière") e a história de uma jovem mãe que é levada à loucura ("Die, My Love"), interpretada com paixão por Jennifer Lawrence.
No domingo, os fãs também puderam desfrutar de dois eventos com estrelas de Hollywood: a vencedora do Óscar Nicole Kidman, que recebeu o 10.º Women in Motion, dedicado a personalidades femininas do setor, e o cineasta mexicano Guillermo de Toro, que falou sobre a importância das bandas sonoras no mundo do cinema.
O 78.º Festival de Cannes termina no próximo sábado com a cerimónia de prémios.
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