A disputa pela Palma de Ouro terá de volta veteranos como o franco-suíço Jean-Luc Godard e o americano Spike Lee, 27 anos depois de "A Febre da Selva".

Na ausência de um grande contingente de estrelas americanas - com apenas dois filmes, "BlacKKKlansman" de Spike Lee e "Under the Silver Lake" de David Robert Mitchell, e sem os filmes hollywoodianos de Xavier Dolan e Jacques Audiard - a competição será particularmente marcada por uma forte presença da Ásia e do Médio Oriente.

O casal Javier Bardem e Penélope Cruz vão abrir as festividades na terça-feira com o thriller psicológico "Everybody Knows" ("Todos lo saben"), novo filme do realizador iraniano Asghar Farhadi, filmado em espanhol.

O cineasta, que já esteve em Cannes com "O Passado" e "O Vendedor", conta a história de uma mulher que regressa com os seus filhos à sua cidade natal em Espanha, mas terá a sua vida virada do avesso por eventos inesperados.

Dos 21 cineastas em competição, dez competem pela primeira vez, incluindo o japonês Ryusuke Hamaguchi, a libanesa Nadine Labaki, o egípcio Abu Bakr Shawky - com o seu primeiro filme "Yomeddine" -, os franceses Eva Husson e Yann Gonzalez ou ainda o iraniano Jafar Panahi e o russo Kirill Serebrennikov, cineastas sob vigilância no seu país.

Ambos proibidos de viajar, os realizadores não vão estar presentes na Croisette, apesar dos esforços do Festival.

Entre os regulares, Jean-Luc Godard, de 87 anos, competirá pela sétima vez com "Le Livre d'image", quatro anos depois de receber o Prémio do Júri por "Adeus à Linguagem".

Já presente no cartaz de promoção deste 71º Festival - um beijo entre Jean-Paul Belmondo e Anna Karina em "Pedro, o Louco" - o filho da Nouvelle Vague, um mito da 7ª arte, poderá aborrecer a Croisette, tendo faltado em 2014.

A sua sombra, no entanto, deve pairar sobre as festividades em Cannes, 50 anos após o festival interrompido de maio de 68, que o realizador ajudou ativamente a parar com um pequeno grupo de cineastas.

O chinês Jia Zhangke e o japonês Hirokazu Kore-Eda vão competir pela quinta vez com respetivamente "Ash is purest white" e "Shoplifter", e o italiano Matteo Garrone pela quarta vez com "Dogman" sobre o assassinato em 1988 na Itália de um ex-lutador de boxe que se tornou líder de um gangue.

Outros regressos, dos franceses Stéphane Brizé e Christophe Honoré, ambos em competição pela segunda vez com "En guerre", de Brizé, com Vincent Lindon, e "Plaire, aimer et courir vite" de Honoré, história de amor homossexual nos anos 90.

Três mulheres - Eva Husson, Nadine Labaki e Alice Rohrwacher  - vão competir pela Palma de Ouro, numa edição em que o espaço das mulheres será cuidadosamente analisado, sete meses após o terramoto Weinstein.

O júri será presidido pela atriz australiana Cate Blanchett, uma feminista acérrima que se tornou nos últimos meses uma figura na luta contra o assédio sexual através do movimento "Time's Up".

A atriz francesa Léa Seydoux, uma das acusadoras de Weinstein, é membro do júri, maioritariamente feminino.