Os realizadores James Cameron e Guillermo del Toro, o compositor John Williams, a produtora de "Star Wars" Kathleen Kennedy, e os diretores de fotografia Dante Spinotti e Vittorio Storaro estão entre os 73 nomes importantes de Hollywood que subscreveram uma carta dirigida à Academia dos Óscares a pedir que seja revertida a decisão de não transmitir em direto oito categorias na cerimónia marcada para 27 de março.

Na lista também está Joe Roth, um realizador que esteve à frente da produção da própria cerimónia em 2004.

A 22 de fevereiro, foi anunciado que a 94.ª cerimónia iria começar uma hora mais cedo dentro do Dolby Theatre para entregar oito dos 23 prémios, que seriam depois editados na cerimónia em direto, numa tentativa de tornar o evento mais dinâmico e não ultrapassar as três horas.

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As oito categorias afetadas são Montagem, Banda Sonora, Direção Artística, Caracterização, Som, Documentário de Curta-Metragem, Caracterização, Curta-Metragem em Imagem Real e Curta-Metragem de Animação.

No início da semana, Steven Spielberg já tinha criticado a decisão, dando o exemplo do impacto da banda sonora de John Williams para "Tubarão".

Agora, na carta reproduzida pela revista Variety, cineastas, produtores, compositores, diretores de fotografia, figurinistas e outros profissionais afirmam que a decisão irá "rebaixar" as categorias e "relegá-las para o estatuto de cidadãos de segunda classe".

Num e-mail dirigido aos membros e nomeados deste ano, o presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, David Rubin, disse que a decisão foi tomada "para priorizar os telespectadores" e dar mais tempo para as apresentações musicais, quadros de comédia e homenagens.

Os subscritores da carta reconhecem que "procurar novos públicos ao tornar a cerimónia mais divertida é um objetivo louvável e importante, mas isso não pode ser alcançado rebaixando os próprios ofícios que, nas suas expressões mais marcantes, tornam a arte do cinema digna de celebração".

Rubin e os colegas do conselho de governadores da Academia são exortados "nos termos mais fortes possíveis [...] a reverterem a vossa decisão. Durante um século, o prémio da Academia tem representado o padrão máximo no reconhecido e homenagem a todos os ofícios essenciais no cinema. Agora, à medida que nos aproximamos do centésimo ano dos Óscares, estamos profundamente preocupados que esse padrão máximo esteja a ser manchado pela valorização de algumas disciplinas cinematográficas em detrimento de outras, relegando essas outras ao estatuto de cidadãos de segunda classe".

Pouco depois de ser conhecida a decisão de empurrar categorias para fora da cerimónia, um membro da Academia, que pediu para não ter o nome divulgado, disse à France-Presse que “decisões difíceis e mudanças difíceis de aceitar são necessárias e têm que ser executadas", acrescentando que os membros “compreendem a comunicação” de Rubin.

"Considerando o declínio recente da audiência televisiva, o espetáculo tem que evoluir com foco no futuro da cerimónia, bem como da Academia", salientou.

Não é a primeira vez que a Academia e os produtores da cerimónia com o canal ABC tentam "cortar" prémios.

Em agosto de 2018, a Academia anunciou que quatro ficariam de fora para que a cerimónia não passasse as três horas de duração, mas sem indicar quais eram as afetadas.

A decisão foi então criticada por representar uma desvalorização de alguns prémios e intensificaram-se após se saberem que eram afetados Fotografia, Montagem, Caracterização e Curta-metragem. Acabou por ser revertida nove dias antes da cerimónia de 2019.