«La Isla Mínima», do realizador Alberto Rodríguez, foi o grande triunfador da 29ª. edição dos Goya, prémios da Academia de Cinema de Espanha, ao arrecadar dez galardões.
Para além de melhor filme, foi distinguido pela realização, ator principal (Javier Gutiérrez), atriz revelação (Nerea Barros), argumento original, montagem, fotografia, banda sonora, direção artística e guarda roupa.
Exibido em Portugal na sessão de encerramento do último Cinefiesta - Mostra do Cinema Espanhol, o thriller sobre a investigação do desaparecimento de vários adolescentes no sul de Espanha em 1980, poucos anos após o fim da ditadura franquista, por parte de dois polícias, um mais ligado ao antigo regime e outro que foi resistente, confirmou o favoritismo pois tinha 17 nomeações.
O produtor, José Antonio Félez, destacou o grande ano que passou: «A todos os que fizeram filmes espanhóis durante 2014, muito obrigado. Conseguiram que um em cada quatro bilhetes vendidos fosse para ver um filme espanhol».
Para esse valor terá contribuído «Namoro à Espanhola», o maior sucesso de sempre do cinema do país vizinho: com 56 milhões de euros nas bilheteiras, o filme viu três dos seus atores receberem estatuetas: Dani Rovira foi considerado melhor ator revelação e Karra Elejalde e Carmen Machi os melhoes secundários.
Outro thriller, «El Niño», também exibido no Cinefiesta, partia com 16 nomeações, mas ficou-se por quatro Goya: direção de produção, canção, som e efeitos especiais.
Bárbara Lennie foi considerada a melhor atriz por «Magical Girl», enquanto a eterna e muito popular saga «Mortadela e Salamão», já no seu terceiro capítulo, recebeu o prémio de melhor argumento adaptado e melhor filme de animação.
«Ida», do polaco Pawel Pawlowsky, nomeado para os Óscares, recebeu o Goya de melhor filme estrangeiro. Outro candidato aos Óscares, «Relatos Selvagens», da Argentina, foi votado o melhor filme ibero-americano.
Um momento alto foi quando Antonio Banderas, com 55 anos, foi o mais jovem distinguido de sempre com um Goya pela sua carreira: «Agora começa a segenda parte do jogo da minha vida», recordou num discurso terminado em lágrimas.
O prémio foi recebido das mãos de Pedro Almodóvar, que o revelou ao cinema e o escolheu para sete filmes, e que pouco antes cumprimentara «todos os amigos do cinema e da cultura (...)», acrescentando: «Senhor Wert, não está incluído».
A referência ao ministro da Educação, Cultura e Desporto, foi o momento de maior tensão de uma cerimónia que não estava previsto ser reivindicativa, mas que acabou por gradualmente dar visibilidade à polémica da aplicação dos 21% do IVA cultural.
O presidente da Academia de Cinema de Espanha, Enrique González-Macho, chegou mesmo a agradecer aos embaixadores dos EUA e França, presentes na sala, dando o exemplo dos seus países: «Fazem do cinema um assunto de Estado (...)», aludindo ao facto de produzirem filmes «poderosos» que levam a sua cultura a todo o mundo.
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