A sala de cinema, criada em 1904 e que até há pouco tempo se chamava Cine-Paraíso, sofrerá uma remodelação profunda nos próximos meses, - num investimento de cerca de 350.000 euros - para reabrir na primavera enquanto Cinema Ideal, numa parceria entre aquelas duas estruturas.

Em conferência de imprensa, o produtor e distribuidor Pedro Borges afirmou que a identidade do Cinema Ideal será a de um cinema de bairro, com programação pensada para que as pessoas «possam reganhar o gosto de ir a uma sala de cinema, porque é uma sala de cinema, não apenas porque querem ver um filme».

A Casa da Imprensa, proprietária do edifício onde está localizado o cinema, estabeleceu um contrato a dez anos com a Midas Filmes para a exploração da sala, que terá capacidade para mais de 200 espetadores e exibição em digital.

«Não estávamos satisfeitos com o perfil do cinema [exibia filmes pornográficos] e procurámos uma alternativa que fosse mais consentânea com os estatutos da Casa da Imprensa. Pretendíamos requalificar a sala e decidimos tudo fazer para não pôr sequer a hipótese daquele equipamento cultural ser outra coisa qualquer», afirmou Goulart Machado, presidente da Casa da Imprensa.

O espaço terá novas cadeiras, novo ecrã de projeção e estará articulado com um segundo piso do edifício onde funcionará o Salão Ideal, composto por uma cafetaria, livraria, biblioteca e DVDteca de cinema.

«Nós e outros distribuidores e produtores de cinema português e distribuidores de cinema europeu independente achamos que a cidade de Lisboa precisa de outro tipo de cinemas, que não apenas os cinemas dos centros comerciais, que passam basicamente cinema americano e vendem pipocas», afirmou Pedro Borges.

A programação do Cinema Ideal será feita por uma associação cultural, que reunirá mais de uma dezena de figuras da área do cinema, entre produtores, realizadores e atores, como a atriz Rita Blanco.

Pedro Borges adiantou que pretende exibir em 2014 o último filme de Paulo Rocha - «Se eu fosse Ladrão Roubava» -, assim como as versões digitais restauradas de «Mudar de Vida» e «Verdes Anos», do realizador, quando passam 50 anos da existência do Cinema Novo Português.

«Contamos estrear no primeiro ano de atividade, por exemplo, os novos filmes de Pedro Costa, João Salaviza, Margarida Cardoso, João Botelho e os documentários de Bruno de Almeida e João Canijo», anunciaram.

O Cinema Ideal irá ainda assinalar os 40 anos da Revolução de Abril e colaborar com as próximas edições do festival IndieLisboa, da mostra Panorama, e do festival de Curtas-Metragens de Vila do Conde.

Na última década, Lisboa perdeu espaços de exibição como o Cinema Mundial, encerrado em 2004, o Quarteto, que fechou portas em 2007, o cinema Londres, que encerrou no começo deste ano, e os cinemas King, que fecharam na semana passada.

«Bons filmes, boas condições para os ver, num espaço confortável que não seja igual aos outros todos. Vamos tentar uma política muito diferenciada, em termos de preços», resumiu Pedro Borges.

Foto: copyright Arquivo Fotográfico de Lisboa / código PT/AMLSB/AF/VAQ/S00040

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