Filme em competição no festival,
«É o Amor» é um documentário contaminado pela ficção, rodado em Caxinas, freguesia de Vila do Conde, onde grande parte da comunidade vive da pesca. Foi lá que o realizador
João Canijo e a atriz
Anabela Moreira registaram, a partir de uma projeto inicial do festival de Curtas-Metragens de Vila do Conde, uma história sobre amor, trabalho, sacrifícios e dedicação à família.

Anabela Moreira viveu de perto o trabalho das mulheres dos pescadores, em particular de uma mestra, Sónia Nunes, acompanhou-lhes o dia-a-dia e os desabafos, enquanto os maridos estavam em alto mar.

Tanto o realizador como a atriz, que assinam o argumento, não queriam caricaturar ou tipificar personagens, mas registar uma verdade, assumida por aquelas mulheres de pescadores, disse Anabela Moreira à agência Lusa.

«Foi um estágio de uma atriz à procura de se inteirar do que é ser mestra, uma atriz que se infiltra numa comunidade», explicou Anabela Moreira, que viveu várias semanas em Caxinas mimetizando gesto e rotinas das mulheres dos pescadores, fosse na lota ou no cabeleireiro.

Para Anabela Moreira as mulheres caxineiras não estavam a representar e não tinham consciência das situações provocadas pela atriz, quando falavam abertamente sobre casamento, sobre o «diz-que-disse» na praça pública e sobre os papéis desempenhados na comunidade.

Em «É o Amor», Canijo deu sobretudo protagonismo às mulheres, mas levou Anabela Moreira a questionar-se novamente como atriz, tal como já tinha feito em filmes anteriores como
«Noite Escura» e
«Mal Nascida», numa parceria cinematográfica que dura há dez anos.

«É o Amor», que tem estreia comercial no país no dia 25, já foi exibido em Caxinas, «que esteve em peso na sessão», recorda Anabela Moreira. «Acho que conseguimos quebrar algumas ideias estereotipadas. Ainda é uma comunidade machista, porque muito da vida gira em torno do fim de semana, daqueles dois dias em que os pescadores regressam a terra», afirmou a atriz.

No âmbito do IndieLisboa, João Canijo e Anabela Moreira participarão num dos debates programados pelo festival, no dia 23 na Universidade Lusófona, subordinado ao tema «A Individualidade da Representação».

Atualmente João Canijo prepara «Caminhos da Alma», que acompanhará o percurso de um grupo de mulheres de Bragança até Fátima, mas aguarda ainda a contratualização do apoio financeiro do Instituto do Cinema e Audiovisual, referente ainda a 2011.

O festival IndieLisboa, que termina no dia 28, está a celebrar dez anos.

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