(artigo atualizado com informação sobre "Asteroid City")
O Festival de Cannes prepara-se para receber esta terça-feira a exibição de "Asteroid City", o novo filme do realizador norte- americano Wes Anderson, um cineasta que consegue atrair as principais estrelas de Hollywood para as suas produções.
Tom Hanks, Scarlett Johansson, Margot Robbie, Tilda Swinton, Jeff Goldblum, Adrien Brody, Willem Dafoe: com um grande elenco, Anderson disputa a Palma de Ouro pela terceira vez.
Como noutros filmes do cineasta, "Asteroid City" tem uma direção de arte muito cuidadosa, repleta de detalhes e cores, tão importante como a história do filme.
"Asteroid City" é uma cidade fictícia no deserto, local de encontro de pais e estudantes para uma convenção sobre o espaço, a "Junior Stargazer", que é interrompida por diversos eventos dramáticos.
O espectador passa das explicações (a preto e branco) de um apresentador para uma explosão de cores de flashes do próprio filme, numa experiência de "filme dentro de uma peça de teatro".
Anderson gosta de crianças inteligentes, que não conseguem evitar dividir os seus conhecimentos com os outros, enquanto os seus pais se olham.
É um realizador que costuma olhar para o passado, neste caso para uma América dos anos 1950, tomada por otimismo e música country, mas também assustada com a possibilidade do desembarque de extraterrestres.
Wes Anderson compareceu pela primeira vez a Cannes em 2012 com "Moonrise Kingdom" e retornou em 2021 com "The French Dispatch".
Em 2014, o cineasta americano venceu o Grande Prémio do Júri no Festival de Berlim com "O Grande Hotel Budapeste". Em 2018, recebeu o Urso de Prata de melhor realização, também em Berlim, por "Ilha dos Cães".
Uma conversão forçada
O outro candidato da mostra competitiva esta terça-feira é o italiano Marco Bellocchio, de 83 anos, com "Rapito", baseado na história real de Edgardo Mortara, um miúdo judeu de seis anos sequestrado e convertido à força ao catolicismo pela Igreja no século XIX.
Bellocchio recebeu uma Palma de Ouro honorária em 2021 e é realizador de filmes como "O Traidor" e "Bom dia, noite".
O italiano já foi premiado duas vezes no Festival de Veneza (prémio do júri da crítica internacional em 1967 e melhor argumento em 2003). Também recebeu o Urso de Prata em Berlim por "A Condenação", em 1991.
Nas mostras paralelas, dois filmes brasileiros serão exibidos esta terça-feira.
"Crowra/ A Flor do Buriti", do português João Salaviza e da brasileira Renée Nader Messora, que retrata a vida da tribo krahô e a sua luta pela sobrevivência na aldeia Pedra Branca, Tocantins, será exibido na mostra Un Certain Regard.
Na Semana da Crítica, a ítalo-brasileira Lillah Halla apresenta a sua primeira longa-metragem, "Levante", que mostra o dilema de Sofia, uma jovem jogadora de voleibol que descobre que está grávida, num país onde o aborto é ilegal.
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