Hollywood está cheia de boas intenções sobre representatividade e inclusão, mas os números a frio mostram uma realidade muito diferente, pelo menos nos filmes dos grandes estúdios.

Um estudo da Annenberg Inclusion Initiative [Iniciativa de Inclusão Annenberg], grupo líder na análise da diversidade e inclusão no mundo do entretenimento na Universidade do Sul da Califórnia, revelou que o progresso no grande ecrã ainda deixa muito a desejar.

“Hollywood ainda tem de passar de falar sobre inclusão para significativamente aumentar  a representação no ecrã para mulheres, pessoas de cor, a comunidade LGBT ou pessoas com deficiência", explicou Stacy Smith, diretora fundadora da Iniciativa.

Na análise de 48.757 
personagens dos 1100 filmes mais populares (criada a partir dos 100 filmes de maior sucesso comercial nos EUA de 2007 a 2017), onde dominam os grandes estúdios, os homens têm duas vezes mais personagens do que as mulheres: os papéis femininos corresponderam a 30,6%.

O estudo dá destaque especial ao que aconteceu em 2017 e "os que estavam à espera de um ano simbólico de inclusão vão ficar desiludidas", explicou Stacy Smith.

De facto, 33 dos 100 maiores filmes do ano passado tinham personagens femininas como protagonistas ou co-protagonistas e apenas 4 dessas mulheres eram de grupos raciais ou étnicos sub-representados. Exatamente o mesmo que aconteceu em 2016.

Num contraste com o que existe na sociedade americana, só 29,3% das personagens dos 100 filmes mais populares pertenciam a grupos raciais ou étnicos sub-representados, 2,5% eram personagens com deficiências e menos de 1% representavam a comunidade LGBT.

Além disso, 43 dos 100 filmes e 2017 estudados não tinham qualquer personagem negra feminina, enquanto 65 esqueceram as asiáticas e 64 fizeram o mesmo com as latinas.

Atrás das câmaras, a exclusão ainda é maior. Por exemplo, dos 1223 realizadores presentes nos 11 anos estudados, 4,3% eram mulheres, 5,2% negros e 3,1% asiáticos.

"Em anos anteriores, referi-me as conclusões como a 'epidemia da invisibilidade' no cinema. Após constatar pouca alteração nestes números, fica claro que Hollywood deve fazer mais para garantir que os grupos marginalizados façam parte do tecido das histórias. Boas intenções não são suficientes para criar mudanças", resumiu esta responsável da Annenberg Inclusion Initiative.