Em
«José e Pilar», o escritor fala dos medos e dos dilemas sobre a velhice e a morte, das certezas sobre Deus e a religião, do cansaço das viagens, mas o documentário também mostra o que não se diz, sobre a dedicação militante de Pilar.

«Gostava que as pessoas percebessem estas duas pessoas maravilhosas que foram mal compreendidas sobretudo cá. Gostava que as pessoas se pacificassem um bocadinho com ele», afirmou o realizador
Miguel Gonçalves Mendes à Agência Lusa.

O filme, apresentado hoje na abertura do festival, tem já a sessão esgotada, mas não é a único. Também sem lugares disponíveis está já
«Complexo - Universo paralelo», apresentado dia 22 e feito pelos irmãos
Mário e
Pedro Patrocínio, que viveram dois anos no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, considerado o maior conjunto de favelas da América Latina.

Os dois portugueses retratam a vida da favela, onde moram cerca de 100 mil pessoas, contrastando os testemunhos de traficantes, de moradores, opondo imagens da violência, miséria, pobreza e luta pela sobrevivência no bairro clandestino.

Esgotadas estão também as iniciativas
«Doc 4 kids», os ateliers sobre documentário para crianças dos sete aos 12 anos.

Nesta edição o destaque vai para uma grande retrospectiva dedicada ao realizador holandês
Joris Ivens, considerado o pai do documentário, e que morreu em Paris em 1989. A exibição de 39 filmes do autor será acompanhada da presença em Portugal de
Marcelina Loridan-Ivens, viúva do realizador e também ela cineasta.

Além da vertente histórica que a direcção do DocLisboa quis imprimir a esta oitava edição, haverá ainda duas outras retrospectivas de cineastas do documentário: uma sobre o realizador dinamarquês
Jorgen Leth, que apresentará em Lisboa, em estreia europeia, o filme «Erotic man», e outra sobre o alemão
Marcel Ophuls, filho de
Max Ophuls, também presença confirmada em Lisboa.

No total este ano serão exibidos cerca de 200 filmes, dos quais 40 são de produção nacional, entre os quais a curta-metragem de
Manoel de Oliveira sobre os Painéis de são Vicente de Fora.

Entre competições e antestreias serão exibidos filmes portugueses sobre explorações de minas e salinas, retratos de África, de artistas portugueses (
Cruzeiro Seixas ou
Fernando Lemos), ensaios sobre o punk português e sobre a saúde mental.

Pela primeira vez, os prémios a atribuir na competição portuguesa serão monetários.

A Suíça será o país em destaque e na secção
«Heart Beat» abrem-se as sessões à história do rock, com filmes sobre
Frank Zappa,
Beatles e
Rolling Stones, e às músicas do mundo.

A oitava edição do DocLisboa decorre até 24 de Outubro e divide-se pela Culturgest, Cinema São Jorge e Cinema Londres.
Veja aqui a programação completa.

Veja aqui a entrevista do SAPO a Miguel Gonçalves Mendes, realizador de «José e Pilar».


SAPO/Lusa