O Cineclube de Tavira acolhe na quarta-feira a exibição do documentário “Fracking The Contract”, que vai percorrer até janeiro 22 salas portuguesas e reflete a luta da comunidade contra a prospeção/exploração de petróleo no Algarve, anunciou a produção.
O documentário “Furar o contrato” reflete a participação de uma agricultora, de uma antiga executiva petrolífera e de um estudante de doutoramento nas iniciativas que a sociedade civil algarvia organizou para protestar contra os contratos de prospeção e exploração de hidrocarbonetos na região algarvia, sendo coproduzido pelo Loulé Film Office e pela Issue TV.
O documentário é realizado por Sophie Rosmaniere, que conta no curriculum com uma trintena de filmes, está ligada à produtora Issue TV - organização sem fins lucrativos que promove projetos educativos na área dos media sobre temas sociais e de justiça ambiental - e aceitou o desafio lançado pela Câmara Municipal de Loulé e pelo Loulé Film Office para retratar essa luta da sociedade civil algarvia, explicou à agência Lusa Sara Pereira, que trabalha com a produção.
“A Sophie Rosmaniere é norte-americana, do Texas, a mãe tem casa no Algarve e ela tinha realizado um filme sobre a exploração de urânio no Texas, que foi exibido num festival de cinema social que se realiza em Loulé. Na altura, o presidente da câmara [de Loulé, Vítor Aleixo] viu o filme e sugeriu fazer um trabalho sobre este tema da exploração de petróleo no Algarve”, afirmou Sara Pereira.
O convite permitiu a colaboração entre a Issue TV e o Loulé Film Office para Sophie Rosmaniere avançar para a realização do “Fracking The Contract” e seguir os três protagonistas do filme, entre eles a agricultora Ângela Rosa, que esteve envolvida nas iniciativas de divulgação e combate aos contratos de exploração de hidrocarbonetos no Algarve e explicou à Lusa como surgiu e foi a sua participação neste projeto.
“O convite foi feitio pela Sophie Rosmaniere, a realizadora, que me viu nas marchas e nas ações de protesto por esta causa, estava à procura de pessoas que tivessem diferentes envolvimentos e visões sobre o este problema e achou que eu me enquadrava nesses requisitos”, disse Ângela Rosa.
Rosa contou que a realizadora a seguiu em várias das ações que realizou e fez a recolha de material em vários locais para mostrar como a exploração de petróleo poderia impactar na vida das pessoas.
“Algumas das filmagens nem aparecem no filme, porque era muito material, mas estivemos em muitos locais e chegámos também a ir a Huelva, Espanha, falámos com pessoas que se preocupam com os problemas ambientais que eles lá têm, devido a refinarias e ao impacto dessa indústria”, precisou.
Ângela Rosa considerou que o filme e a luta realizada pela sociedade civil algarvia mostram como se conseguiu “travar, pelo menos para já”, a exploração de hidrocarbonetos na região e como como “a união” entre as pessoas, “o trabalho em equipa” e a “cidadania” podem contribuir para mudar as coisas.
A exibição do documentário começa em outubro, no Algarve - Tavira (dia 03), Lagos (05), Lagoa (10), Olhão (11), Aljezur (12), Vila Real de Santo António (15) e Faro (16) -, e segue depois para Coimbra (17 e 29) e Lisboa (26), Penafiel (31).
Em novembro, estão previstas exibições no Porto (dia 01), em Vizela (04), em Vila Real (05), Oliveira de Frades (06), Vouzela (07), Figueira de Castelo Rodrigo (08), Barreiro (09), Lisboa (11 e 23) e Sesimbra (22), estando a última mostra reservada para Faro, a 18 de janeiro de 2020.
Comentários