Para os fãs de BD de super-heróis, Gwen Stacy é um nome quase traumático. Ela foi uma das primeiras namoradas do Homem-Aranha, uma figura querida por todos, que numa história que ficou gravada na memória de várias gerações é morta pelo vilão Duende Verde, numa época em que as personagens centrais das histórias de super-heróis por norma não morriam (nem morriam e renasciam como se tornaria regra mais tarde). Ainda não é essa tragédia que se vê em
«O Fantástico Homem-Aranha», o filme que reconta a história do herói aracnídeo, recuando aos tempos de liceu de Peter Parker (
Andrew Garfield), à origem dos seus super-poderes e ao seu grande amor pela jovem Stacy.

É a
Emma Stone quem cabe interpretar Gwen Stacy, num papel que inverte uma tendência capilar curiosa nos filmes da saga Homem-Aranha: a atriz sempre foi ruiva no cinema mas assume pela primeira vez no grande ecrã a sua verdadeira cor de cabelo, louro. Pelo contrário, as anteriores namoradas do herói aracnídeo no cinema tiveram de inverter as suas cores de cabelo naturais:
Kirsten Dunst era uma loura a interpretar uma ruiva, Mary Jane, e
Bryce Dallas Howard era uma ruiva a interpretar uma loura, Gwen Stacy.

Com apenas 23 anos, Stone tem uma carreira praticamente sem passos falsos, que atingiu o auge com
«As Serviçais», nomeado este ano a quatro Óscares, e com o papel de Gwen Stacy em «O Fantástico Homem-Aranha».

A ligação à BD

«Eu não lia banda desenhada ao crescer mas via praticamente todos os filmes baseados em «comic books». A minha personagem favorita era o
Michael Keaton como Batman».

O talento de Andrew Garfield

«Ele é incrivelmente atencioso e não encara nenhum aspeto do filme de forma minimamente leviana, o que é muito interessante, porque a preparação dele é muito específica e intensa, ele está sempre completamente no momento. Isso ensinou-me imenso sobre preparação e sobre saber para onde vou. Porque eu posso ensaiar até cair para o lado mas há vezes em que chego lá e não faço a mais pequena ideia do que estou a fazer, e então invento. Mas ainda estou a aprender, sou muito nova, e aprendi imenso com ele, em termos de preparação. Ele tinha na roulote dele sete quadros diferentes com anotações, que tapava sempre que alguém entrava, que tinha «Peter Parker em adolescente», «Peter Parker ao longo dos anos», «Peter Parker na relação com a Gwen»... Eram quadros sobre as várias facetas da personagem, era incrivelmente inspirador, uma maneira excelente de trabalhar».

A preparação do papel

«Cada papel é diferente e preparação varia para cada um. Há alguns que têm de ser tão instintivos que se entra completamente a matar, sem se saber bem como aquilo vai terminar. Para a Gwen Stacy foi necessário aprender a história da Gwen, do Peter Parker e da Marvel em geral, porque eu não fui exposta aos «comic books» e era importante estar por dentro disso. E depois fomos a alguns centros de ciência, o que foi muito emocionante, fiz adormecer uma cobaia com uma injecção, fiquei a saber o quanto eu gosto de biologia».

Viver o liceu pela primeira vez

«Eu não fui à escola, estudei em casa, por isso nunca fui a uma aula de biologia, nunca dissequei uma rã. Este filme foi como viver o liceu que nunca vivi. De qualquer forma, eu já tinha sido estudante de liceu no
«Super Baldas», no
«Easy A» e agora no «Fantástico Homem-Aranha», e sempre finalista. Por isso, tudo o que sei sobre o liceu aprendi no cinema, ou seja, que os anos de finalista ou são loucos e cheios de álcool, ou são cheios de sexo, ou são cheios de super-heróis. E também estive na faculdade no cinema, no
«A Casa das Coelhinhas». Confesso que não tenho pena de não ter ido ao liceu mas tenho pena de não ter ido à faculdade. Na altura achava giro toda a gente ter de ir para a faculdade e eu não ter de ir, mas agora que as pessoas já se licenciaram e têm empregos, é uma experiência que eu hoje tenho pena de não ter vivido».

A morte de Gwen Stacy

«O maior choque que tive ao preparar o papel foi perceber que a Gwen Stacy morre lá mais para a frente da história. E foi principalmente por isso que eu quis fazer o filme, pela minha obsessão eterna pela mortalidade e pela morte. Sou Escorpião, o que explica isso. A morte dela era um elemento trágico e inesperado, e sei que isso foi muito chocante quando aconteceu na altura. Estou morbidamente excitada por vir a fazer isso no futuro. Tenho um grande interesse na morte. Não penso constantemente nela, mas de forma diária. Há uma consciencialização da mortalidade que nos faz agarrar mais à vida, viver mais no presente, não desperdiçar nada. Há algo de reconfortante na morte. Não em morrer, tenho pavor a morrer, mas não tenho medo da morte propriamente dita».

Trabalhar num «blockbuster»

«Não foi assim tão diferente trabalhar num «blockbuster» do que trabalhar nos outros filmes mais pequenos, porque o essencial é o mesmo: ainda estamos a interpretar uma personagem e a fazer uma cena com outra pessoa. A única coisa que foi diferente foi quando havia um homem gigantesco com um fato colante negro cheio de bolinhas no corpo todo, à frente do qual eu tinha de gritar «ah, é um lagarto». Mas isso aconteceu pouco. Só nas entrevistas é que nos apercebemos da dimensão do projeto. Claro que todos sabíamos que ia ser grande, afinal é o Homem-Aranha, mas só apreendemos realmente a realidade da coisa quando mergulhamos nela».

Veja aqui a entrevista do SAPO a Rhys Ifans e não perca nos próximos dias a entrevista a Andrew Garfield, ao realizador Marc Webb e aos produtores Avi Arad e Matt Tolmach.

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