São já mais de um terço os fãs da Marvel que reconhecem um cansaço com a quantidade de novidades lançadas por ano nos cinemas e na plataforma Disney+.

A conclusão consta de um novo estudo feito pela plataforma de fãs Fandom, mas não é preciso fazer soar o sinal de alarme: os fãs da Marvel também são os que se mostram mais inclinados para assistir a tudo, em contraste com os da DC, mais inclinados para filmes ou séries sobre super-heróis específicos.

Na base do estudo estiveram cinco mil fãs de entretenimento e jogos entre os 13 e 54 anos, além do que o Fandom chama de “perceções de propriedade” da sua plataforma com mais de 300 milhões de utilizadores mensais em todo o mundo e 250 mil páginas específicas sobre temas (wikis).

Citada pela revista Variety, a diretora de marketing da Fandom nota no comunicado oficial que as definições "fã" e "super fã" são atualmente demasiado genéricas para a complexidade do mundo do entretimento, acrescentando que "compreender as camadas da identidade dos fãs e conectar-se de forma genuína com eles na altura e lugar certos será a chave para os profissionais de marketing que procuram maximizar o sucesso nos lançamentos em streaming, cinema e videojogos".

A divisão dos fãs em quatro sub-categorias com ordem descendente de "intensidade" permite chegar a diferentes conclusões, incluindo sobre Marvel e DC.

Os "Advogados" (The Advocates) são o principal núcleo de fãs, os que estão "profundamente investidos no IP" (propriedade intelectual), que faz "parte da sua identidade". Este é o grupo de "fãs incondicionais" que está inclinado para ver os novos conteúdos nos primeiros dias de lançamento e entre os que têm mais "Advogados" estão Marvel, DC, "Star Wars", "Harry Potter", "Stranger Things" e "Rick and Morty".

Seguem-se na escala de intensidade os "Intencionalistas" (The Intentionalists), normalmente o maior grupo dentro de cada base de fãs: mais exigentes nas suas escolhas, são influenciados pelo marketing, as críticas positivas, as histórias e os atores e cineastas envolvidos, inclinando-se para ver as novidades nas primeiras duas semanas. Com o maior número de fãs "Intencionalistas" estão as séries “Breaking Bad”, “Better Call Saul”, “A História de uma Serva", "A Guerra dos Tronos", "The Sex Lives of College Girls" e "Homicídios ao Domicílio”.

Em terceiro lugar surgem os "Culturistas" (The Culturists): um grupo de fãs ainda menos incondicional, "fortemente influenciado" pelas opiniões que lhe chegam e que assiste às novidades no primeiro mês e as vê como um pretexto para convívio e conversas com familiares e amigos. Entre as sagas com um número destes fãs estão "Ted Lasso", "True Detective", "Chicago Fire", "The Challenge" e "Chove Sempre em Filadélfia".

Por fim, está o grupo "The Flirt", que se pode descrever como os fãs que "namoriscam" os lançamentos sem nunca se comprometerem: estão interessados em entretenimento em que se pode "entrar e sair" com facilidade e que permitem partilhar memórias comuns com as pessoas à sua volta. Assistem quando tiverem tempo, sem urgência. Com número elevado destes fãs estão muitas séries antigas, como "The Office", "SpongeBob Squarepants", "Gilmore Girls", "South Park" e "Friends", além de 'reality shows' como "The Bachelor" e "Real Housewives".

Com base nestes quatro grupos, a Fandom diz que ter mais fãs dos dois grupos mais intensos, "Advogados" e "Intencionalistas", como é o caso da Marvel (66%) em relação à DC (61%), pode ser uma vantagem, mas isso não é exatamente linear.

Por exemplo, o estudo revela que 81% dos fãs da Marvel estão interessados em ver todas as novidades, enquanto isso só acontece com 67% dos fãs da DC. Isso também faz com que apenas 38% dos fãs da Marvel foquem o interesse em super-heróis específicos do Universo Cinematográfico, em contraste com 57% da DC, que se mostram mais atentos a um ou dois do respetivo universo.

Mas isto também pode pesar para que apenas 20% dos fãs da DC que dizem estar cansados com a quantidade de novidades que chegam por ano, em contraste com os já 36% de fãs da Marvel que o assumem.