Esta sexta-feira, a realizadora francesa Hafsia Herzi apresentou no Festival de Cannes "La Petite Dernière", filme em competição pela Palma de Ouro que narra o despertar sexual de uma jovem muçulmana que se sente atraída por mulheres.

Fatima é uma miúda de 17 anos que vive nos subúrbios de Paris com a sua família de origem argelina. Muçulmana praticante, descobre aos poucos os seus desejos por mulheres, enquanto avança nos seus estudos e começa a universidade.

A adolescente sente-se presa entre a sua religião, que proíbe qualquer tipo de relação íntima entre pessoas do mesmo sexo, a sua família e a sua atração por mulheres.

"La Petite Dernière", a terceiro longa-metragem da também atriz Herzi, é livremente baseado num livro de inspiração autobiográfica de Fatima Daas.

"Queria mostrar que não há fronteiras na amizade ou no amor. Acho bonito e comovente que pessoas de diferentes classes sociais possam ser amigas, sair juntas e amar-se. Assim é a vida", explica a realizadora à France-Presse.

Nadia Melliti, no papel da protagonista, afirma que se interessou imediatamente pela história.

"Identifiquei-me muito com ela (...) pelo seu ambiente e a sua origem social", explica Melliti, de 23 anos e sem experiência no cinema.

Para as cenas de sexo, que exigiram muita preparação, a realizadora propôs a intervenção de um coordenador de intimidade. As duas atrizes principais, porém, preferiram que fosse a própria cineasta a assumir essa função.

Queria "mostrar um universo que eu mesma descobri ao escrever o filme", disse Herzi.

"La Petite Dernière" é um dos sete filmes dirigidos por mulheres que competem pela Palma de Ouro, de um total de 22.