«La Source des Femmes», do cineasta francês de origem romena
Radu Mihaileanu, abriu o último dia da competição com aplausos da imprensa, mas também críticas de alguns especialistas, que acharam a história «demasiado piegas».
Foi após ler uma reportagem no jornal francês «Libération» que Mihaileanu decidiu filmar «La Source des Femmes», onde aborda a questão do machismo, do islamismo radical e das dificuldades das mulheres em terem acesso à educação, sendo submetidas ao poder dos homens.
«Pareceu-me uma história incrível sobre a falta de água e sobre o que as mulheres estavam dispostas a fazer para consegui-la», disse o cineasta em conferência de imprensa no final da exibição do filme. «Quis contar essa história do nosso tempo, marcada pela mudança climática, as secas, a desertificação. É uma história específica de sucesso numa aldeia do norte da África», acrescentou.
«Mas é ao mesmo tempo uma história universal sobre o precário acesso à educação, o que pode acontecer em qualquer país do terceiro mundo», lamentou.
Apesar de não falar árabe, o cineasta esforçou-se para que o filme fosse produzido nessa língua. «Estava claro que o filme deveria ser contado em árabe para ser autêntico. Passei muito tempo na aldeia de Warielt, numa região montanhosa a uma hora de viagem de Marraquexe. Eu queria mostrar a vida na aldeia, o quotidiano daquelas mulheres cheias de luz», explicou.
Questionado sobre as revoluções que recentemente agitaram esta região do mundo, Mihaileanu salientou que vê as mulheres como «geradoras da mudança, da abertura democrática e das conquistas na educação».
«Acredito que muitas mulheres participaram da revolução nas ruas da Tunísia. Elas estão a mover-se em busca da direcção certa», considerou o cineasta, que no seu filme apresenta uma versão do Islamismo sem radicalismos. «Há um Islão cheio de luz», ressaltou.
«La Source des Femmes» encerrou a competição oficial do Festival de Cannes. Os membros do júri oficial, presidido pelo actor Robert de Niro, foram levados para uma mansão onde decidirão sobre a Palma de Ouro, o Grande Prémio, o Prémio do Júri, as melhores interpretações masculina e feminina, o melhor argumento e melhor realizador.
Será também decidido quem levará a Câmara de Ouro, prémio dado à melhor curta-metragem. Isso sem falar em outros eventuais galardões excepcionais, que poderão ser concedidos por
Robert de Niro.
SAPO/AFP
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