O filme “The Civilian”, sobre o rapto de uma criança no México, e o documentário “Last Knights of the right side”, sobre a Extrema-Direita polaca, venceram hoje em Espinho o FEST – Festival Novos Realizadores Novo Cinema.

A 17.ª edição do certame, que levou a essa cidade do distrito de Aveiro mais de 200 filmes por realizadores até aos 35 anos ou que tenham dirigido em 2020 a sua primeira ou segunda obra, atribuiu assim o Lince de Ouro a duas longas-metragens.

O de ficção coube à realizadora romena Teodora Mihai, pelos 140 minutos de “A civil”, e o de documentário ao polaco Michael Edelman, pelos 67 minutos de “Últimos cavaleiros do lado direito”, que resultou de seis meses de acompanhamento das atividades de uma brigada ultranacionalista da cidade de Łódź.

Last Knights of the right side

Filipe Pereira, diretor do festival que também incluiu extensões no Porto e em Lisboa, defende que estes são os melhores exemplos do “programa extraordinário” que se conseguiu delinear para o evento “num curto espaço de tempo” e em moldes quase idênticos aos de 2019, com “mais de 300 profissionais” a acompanharam presencialmente as iniciativas do certame.

“Se alguém dissesse no início de julho que o festival ia decorrer deste modo, ninguém acreditaria e nós assinaríamos por baixo. Mas teve um resultado espantoso. Há sempre um conflito mental – porque, apesar de bastante contentes com o festival, sabemos que ele ainda não está igual ao período pré-pandemia – mas esta edição foi o mais próxima do formato anterior que era possível no momento atual”, declarou o responsável à Lusa.

Já na categoria de curta-metragem, foram atribuídos quatro Linces de Prata: o de ficção a “Zonder Meer”, da realizadora belga Meltse Van Coillie; o de documentário a “Mundo”, da chilena Ana Edwards; o de animação a “Easter Eggs”, do belga Nicolas Keppens; e o de experimental a “Copacabana Madureira”, do brasileiro Leonardo Martinelli.

No que se refere à competição portuguesa, o Grande Prémio Nacional distinguiu “Miraflores”, o filme de 19 minutos em que Rodrigo Braz Teixeira segue um grupo de amigos através de uma igreja inusual, uma piscina abandonada e uma rotunda com uma árvore caída.

Quanto ao Prémio do Público, os filmes mais votados pelos espectadores das várias sessões competitivas do FEST foram a longa-metragem “Enforcement”, dos realizadores dinamarqueses Anders Ølholm e Frederik Louis Hviid, e a curta documental “Haeberli”, do alemão Moritz Mueller-Preisser.

A primeira dessas obras aborda o tema da brutalidade policial no contexto europeu de crescente diversidade étnica e, segundo Filipe Pereira, é “potencialmente o filme com mais ação alguma vez selecionado na história do festival”.

A curta-metragem “Haeberli”, por sua vez, conta a história real de um acumulador octogenário que vive na estância de luxo de Saint Moritz, sem que a comunidade consiga perceber com exatidão se ele é um génio, um louco, um resistente intelectual ou um milionário desiludido.

A 17.ª edição do FEST incluiu ainda a rubrica NEXXT, que, dedicada a obras de estudantes universitários de cinema, premiou “Washing Machine”, do austríaco Dominik Hartl.

Houve ainda três distinções FESTinha para obras infantojuvenis: uma para “The Plastic Turtle”, de Miguel León e Claudia Osej, na categoria de realizadores com menos de 10 anos de idade; outra para “Totem”, de Katrine Glenhammer, na seção Sub-12; e uma terceira para “Dolapo is fine”, de Ethosheia Hylton, na competição de Sub-16.